DONS MINISTERIAIS
Na Epístola aos Efésios está
escrito: “… e
concedeu dons aos homens” (4.8b), que são os dons ministeriais,
conhecidos como dons de Jesus, pois está escrito: “E ele mesmo concedeu uns para
apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para
pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos…” (Ef 4.11-12).
A fim de produzir a unidade, a perfeição e a maturidade da Igreja, o
Senhor Jesus confere dons aos homens, tendo em vista o aperfeiçoamento dos
santos.
No original grego, a palavra “aperfeiçoamento” é “katartidzo”, que
significa ajustar, restaurar e pôr em ordem.
No Antigo Testamento, Abraão, Moisés,
os profetas, os sacerdotes e os reis foram ministros de Deus. Seus assistentes
diretos, como Josué, que servia a Moisés, eram subministros.
O aspecto do culto veterotestamentário
desenvolveu-se na elaborada instituição do Tabernáculo e do templo, cujas
principais figuras eram o sumo sacerdote e os sacerdotes, assessorados
pelos levitas.
No contexto neotestamentário,
encontramos os dons ministeriais, vindos diretamente do Senhor.
Todos esses dons são necessários na Igreja.
O apóstolo é um missionário enviado pelo Senhor para abrir igrejas,
trabalhos e pastorear pastores. O profeta é usado pelo Senhor com uma mensagem
de reavivamento, visando à exortação, à edificação e à consolação da Igreja.
O evangelista é o arauto do Senhor, aquele que, por meio da mensagem
querigmática (boas novas), irá ganhar almas para o Senhor.
O pastor, por sua vez, irá pastorear essas almas ganhas pelo
evangelista, procurando, como um verdadeiro líder, conduzir as almas ao céu.
E, por fim, o mestre, que, diante de Deus, é o responsável pelo ensino
bíblico de forma sistemática na Igreja.
São os mestres que dão o equilíbrio bíblico-teológico à comunidade de
fé.
Apóstolo
Nos moldes bíblicos, o apóstolo é um
enviado, um mensageiro com um recado direto do Senhor (Mc 6.7, 13, 30).
Os primeiros apóstolos foram escolhidos
pelo próprio Senhor Jesus: “Depois, subiu ao monte e chamou os que
ele mesmo quis, e vieram para junto dele. Então, designou doze para que estarem
com ele e para os enviar e pregar…” (Mc 3.13-14). Estes foram
escolhidos para que pudessem propagar o evangelho (Mt 10.1-8; Mc 3.13-19).
Como pré-requisito para se tornar um apóstolo, era necessário ter sido
discipulado por Jesus e seguir sob o seu poder divino para continuar o trabalho
apostólico e tornar conhecido o evangelho de Deus pregado por Cristo.
Matias substituiu Judas, pois era um discípulo de Cristo (At 1.15-26), e
Paulo foi aceito como apóstolo, pois foi chamado pelo próprio Senhor Jesus numa
conversão dramática durante o seu percurso no caminho de Damasco; de Saulo, o
perseguidor, tornou-se Paulo, o maior apóstolo da história da Igreja (At
9.3-5).
Os apóstolos foram chamados para pregar
o evangelho de Deus, ensinado por Cristo (Hb 1.1) e destinado aos perdidos da
casa de Israel (Mt 10.6), que será novamente pregado durante o período chamado
de Grande Tribulação e conhecido como o evangelho do reino (Mt 24.14).
Nesse tempo, a atuação do Espírito
Santo será semelhante à do Antigo Testamento.
Todavia, o apóstolo Paulo foi chamado
para pregar o evangelho de Cristo: “Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o
evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem
o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo” (Gl 1.11-12).
Esse é o evangelho que é pregado
atualmente, conhecido como o evangelho da graça.
Os apóstolos são os fundamentos da
Igreja: “…
edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo
Jesus, a pedra angular” (Ef 2.20).
Os apóstolos neotestamentários foram os
receptores originais da revelação distintiva (Ef 3.5), com a incumbência de
estabelecer o fundamento da doutrina (At 21.14; 1 Co 3.10).
Devido à sua natureza e caráter, esse ofício apostólico não pode ser
transferido.
Portanto, a noção de sucessão apostólica é um dogma humano e não uma
doutrina do Novo Testamento.
Entretanto, em sentido secundário, ainda há apóstolos, homens de elevada
autoridade conferida por Deus, os quais têm exercido serviços especiais de
grande importância na Igreja.
Com base nessa premissa, o dom ministerial de apóstolo também pode ser
considerado uma capacidade especial concedida por Deus a alguns membros, com
vistas à expansão da obra de Deus.
Além dos doze apóstolos (Mt 10.2-13),
as páginas do Novo Testamento contam também com outros homens enviados com a
nobre missão de abrir novas frentes missionárias, que, com a unção apostólica,
fizeram a diferença, como Paulo, o apóstolo dos gentios (Rm 11.13).
“Não sou eu, porventura, livre? Não sou
apóstolo? Não vi Jesus, nosso Senhor? Acaso, não sois fruto do meu trabalho no
Senhor?” (1 Co 9.1).
Por intermédio do seu apostolado, o
cristianismo deixou de ser mera seita judaica para se transformar numa religião
que alcançou muitas nações, cumprindo o “Ide” de forma primordial.
O ministério apostólico, em grande parte, consistia na abertura de
trabalhos missionários, ensinamento e preparação de líderes para cuidar da nova
igreja estabelecida.
Como exemplo, temos o caso das cidades pelas quais o apóstolo Paulo
passava doutrinando e pregando a Palavra de Deus, todos os sábados, nas
sinagogas.
Ao ver que o trabalho estava estabilizado, preparava um discípulo para
deixá-lo como líder da igreja local e partia para outra cidade.
Mesmo com a morte do último apóstolo, ao longo da história surgiram
homens com o mesmo ofício, como Martinho Lutero, o grande reformador da Igreja,
João Calvino, John Knox, o patriarca do presbiterianismo, Daniel Berg e Gunnar
Vingren, fundadores das Assembleias de Deus no Brasil, e Billy Graham, Estevam
Hernandes, e outros.
Urge pedirmos que o Senhor da seara envie apóstolos (1 Co 12.28; Ef
4.11) para que, com a chama desse dom, muitas frentes de trabalho sejam abertas
e muitos discípulos sejam treinados, a fim de se tornarem líderes da Igreja do
amanhã.
Áreas de atuação:
·
Fundação de igrejas
·
Profeta as nações
·
Projeto de abertura de novos campos de trabalho
·
Seminários para a liderança
Cuidados em relação a esse dom
Nos últimos anos, tem-se observado um grande número de denominações que
contam com líderes com o título de apóstolo.
É necessário, contudo, um estudo sistemático do ministério apostólico
como ofício de estabelecimento da mensagem neotestamentária e como fundamento
da doutrina (Ef 2.20), pois a mensagem foi inspirada pelo Espírito Santo para
que o Novo Testamento fosse escrito.
O ministério apostólico atual é uma capacidade concedida por Deus a
alguns membros do corpo de Cristo para que possam exercer cargo de líderes
espirituais, abrindo novas frentes e coordenando trabalhos, como missões
transculturais e estabelecimento de igrejas em pontos estratégicos.
PROFETA
No contexto do Antigo Testamento, o profeta era aquele que falava das
coisas de Deus por meio dos seus oráculos divinos, transmitindo uma mensagem
que não poderia conter erros, e o próprio Espírito de Deus se apoderava do
profeta temporariamente (Nm 11.29; Nm 27.18; Jz 3.10; 1 Sm 11.6; 1 Sm 16.13; 2
Cr 24.20; Ne 9.20; Ez 11.5; 36.27).
Quem realizava a missão de profetizar
ou realizar qualquer tarefa nesse período era o próprio Espírito, que sempre
usava a frase “assim diz o Senhor” (ou seja, revelações).
Todavia, profeta era ofício e
ministério, e ele tinha total responsabilidade por suas palavras.
Caso algumas de suas predições não se
cumprissem, era considerado falso profeta e condenado à morte: “Suscitar-lhes-ei um profeta do meio de
seus irmãos, semelhante a ti, em cuja boca porei as minhas palavras, e ele lhes
falará tudo o que eu lhe ordenar. De todo aquele que não ouvir as minhas
palavras, que ele falar em meu nome, disso lhe pedirei contas. Porém o profeta
que presumir de falar alguma palavra em meu nome, que eu lhe não mandei falar,
ou que falar em nome de outros deuses, o esse profeta será morto” (Dt 18.18-20).
Hoje não existem mais profetas nos moldes do Antigo Testamento, mas, sim
pessoas com o dom de profecia e outros com o dom ministerial.
Isso também difere e muito na aplicação final desses dons no contexto do
Novo Testamento, em que o dom de profecia é dado por Deus de uma forma
esporádica, mas sem autoridade divina para servir como regra de fé.
Já o dom ministerial de profeta (Ef 4.11) difere do dom de profecia,
pois aquele é dado apenas aos ministros e este é oferecido aos membros da igreja.
Ministerialmente, o obreiro portador desse dom é um proclamador de
verdades inspiradas.
Sua mensagem pode servir como inspiração de doutrinas (Ef 4.11-12) ou
ainda exortação, consolação e edificação (1 Co 14.3-4).
No Novo Testamento, o primeiro profeta foi João Batista (Mt 3.1-2).
A mensagem do profeta tem por objetivo, em primeiro lugar, o
arrependimento.
Por isso, todo profeta exerce o dom de exortação, como Barnabé, cujo
nome significa “filho de exortação” (At 4.36).
Todos que anunciam a palavra são profetas (Mc 16.15; Mt 28.19-20) e
ocupam um lugar de destaque como contribuintes no aperfeiçoamento da obra (Ef
4.11- 12), na consolidação de algumas igrejas (Ef 3.3-5) e no fundamento da
Igreja.
Havia na Igreja primitiva muitos profetas (At 12.1a), como Pedro, cujas
mensagens apresentavam aspectos proféticos (At 2.14-40; 3.12-26; 4.8-12;
10.34-44), Paulo (At 13.1,16-41), Judas, Silas e João.
Os profetas transmitem a mensagem de Deus, cuja principal motivação está
voltada à vida espiritual e à pureza da Igreja, com o objetivo de trazer aos
homens a revelação eterna das Sagradas Escrituras (Ef 1.17).
O ministério dos portadores desse dom é mais voltado ao despertamento e
ao arrependimento espiritual (Os 6.1a, 3).
Suas mensagens são alertas contra o pecado, visando sempre à exortação,
à edificação e à consolação, tanto dos membros como da liderança.
Áreas de atuação:
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Trabalhos com marginalizados
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Pregação da Palavra de Deus
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Mensagens de despertamento espiritual
·
Mensagens de exortação, consolação e edificação
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Cultos de oração e pregação da palavra
Cuidados em relação a esse dom
Esse dom é um dos mais importantes ofícios concedidos por Deus aos
obreiros.
Seus portadores devem ser submissos à Palavra e compreender a
importância do ministério profético nos dias atuais.
O profeta é o ministro comissionado por Deus para pregar a Palavra,
visando à edificação, à consolação e à exortação (1 Co 14.3) e procurando
promover o reavivamento.
O profeta deve lembrar que só a Palavra tem o poder de renovar a vida.
Suas mensagens, portanto, têm de ser bíblicas.
Se forem desprovidas de iluminação divina, ele vai procurar intimidar os
ouvintes mais pelo timbre de sua voz do que pela mensagem, valendo-se mais do
carisma do que da unção.
Todo verdadeiro profeta deve se lembrar de que sua missão primordial é a
pregação da Palavra de Deus, pois ela é a voz do Espírito Santo (Ef 6.17).
Evangelista
Esse dom evangelista centraliza-se no
imperioso mandato de nosso Senhor para que a Palavra seja pregada a
todos: “Ide,
portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e
do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu
vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias, até à consumação do
século. Amém” (Mt 28.19-20). “E disse-lhes: Ide por todo o mundo e
pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem,
porém, não crer será condenado” (Mc 16.15-16).
A mensagem do evangelho tem sido
manifestada através dos séculos mediante a proclamação pública aos descrentes (kerigma) e pelo ensino de
caráter ético aos novos convertidos (didaqué).
Aliás, no cerne dessa questão teológica
entre o proclamar e o ensinar já se depreende uma dualidade de ministérios: o
evangelístico e o do ensino.
A missão do evangelista é proclamar as
boas-novas não de forma detalhada, mas objetiva, a fim de que muitos se salvem,
diferentemente da exposição bíblica do mestre, que visa à edificação da Igreja
pela explanação poderosa da sã doutrina em forma de estudos bíblicos.
A pregação do evangelho proclamada por
um evangelista geralmente é confirmada por sinais, maravilhas e principalmente
salvação de almas, que é o principal objetivo desse tipo de exposição bíblica.
Para que haja salvação de almas, a
mensagem da pregação deve ser bíblica, e não uma exposição
sem nexo, que valoriza apenas a gritaria; profética, pois deve destacar
a importância do cumprimento das profecias bíblicas relacionadas à pessoa de
Cristo; e, acima de tudo, evangélica, pois sempre deve
conter em seu bojo a mensagem do evangelho de Cristo, que é a proclamação da
salvação.
“Pois não me envergonho do evangelho,
porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do
judeu e também do grego…” (Rm 1.16).
A Bíblia nos apresenta diversos evangelistas na Igreja primitiva usados
de forma extraordinária, dotados do dom da fé, da exortação e de outros dons
apropriados para um ofício ministerial tão sublime e eficaz ao desenvolvimento
da obra de Deus.
Filipe foi claramente o retrato desse ministério, pregando o evangelho
de Cristo em aproximadamente onze cidades, durante duas viagens (At 8.4-5, 35).
Curas, libertações, sinais, maravilhas
e, principalmente, salvação de almas acompanhavam a sua pregação, como na
cidade de Samaria, primeiro povo não judeu a receber a pregação do
evangelho: “As
multidões atendiam, unânimes, às coisas que Filipe dizia, ouvindo-as e vendo os
sinais que ele operava. Pois os espíritos imundos de muitos possessos saíam
gritando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos foram curados. E houve
grande alegria naquela cidade. Ora, havia certo homem, chamado Simão, que ali
praticava a mágica, iludido o povo de Samaria, insinuando ser ele um grande
vulto; a qual todos davam ouvidos, do menor ao maior, dizendo: Este homem é o
poder de Deus, chamado o Grande Poder. Aderiam a ele porque a ele, porque havia
muito os havia iludira com mágicas.
Quando, porém, deram crédito a Filipe,
que os evangelizava a respeito do reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, iam
sendo batizados, assim homens como mulheres” (At 8.6-12).
Então, vê-se a importância do ministério do evangelista, cuja principal
atribuição é trazer o descrente à experiência da salvação, tornando-se
essencial ao desenvolvimento da obra.
A Igreja que não apoia esse ministério certamente cessará de ganhar
almas e perderá em muito sua força motivacional.
Como Igreja do Senhor, devemos nos preocupar com a situação das almas.
Áreas de atuação:
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Pregação
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Conferências evangelísticas
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Trabalho de rádio
·
Evangelização de crianças
·
Grupos de estudo
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Evangelismo universitário e outras modalidades
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Tecnologias a favor do evangelismo
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Evangelismo pessoal
Cuidados em relação a esse dom
Nos últimos anos, com a profissionalização de alguns ministérios, houve
realmente um sensível crescimento da área evangelística, tanto na parte
teológica como na parte bíblica.
No entanto, também surgiram muitos evangelistas fabricados, sem o mínimo
preparo espiritual e teológico, sendo, na verdade, profissionais de púlpitos e
não ganhadores de almas.
Tal situação trouxe um descrédito muito grande para o ministério
evangelístico, culminando, por consequência, em vários escândalos, tanto na
área financeira como sexual.
Além da profissionalização, o despreparo teológico deu margem ao
surgimento de evangelistas que mais parecem animadores de auditório do que
pregadores do evangelho, que usam técnicas psicológicas, como a sugestão
coletiva, para, em suas cruzadas evangelísticas, levar o povo ao êxtase
emocional e assim dominar a massa com seus ensinos recheados de terríveis heresias.
Que Deus envie, nesta última
hora, evangelistas comprometidos com a mensagem bíblica, que sejam verdadeiros
arautos do rei, para que, com suas pregações ungidas, possam ganhar muitos para
o Reino.
Pastor
Os pastores são aqueles que foram comissionados por Deus para dirigir a
Igreja e cuidar de suas necessidades espirituais.
No Igreja primitiva eram chamados presbíteros (At 20.17), bispos ou
supervisores (1 Tm 3.1; Tt 1.7).
Como faz parte de um ministério divino, o pastor deve buscar em Deus
aprovação em toda sua maneira de pensar e agir (2 Tm 2.15), além de também
cumprir alguns pré-requisitos, pois o episcopado é considerado uma excelente
obra (1 Tm 3.1).
No grego, a palavra “episkopos” designa uma supervisão pastoral local.
Ancião ou presbítero referiam-se ao mesmo cargo (Tt 1.5-9).
O candidato ao pastorado deve ter uma vida aprovada por Deus e
apresentar os requisitos necessários àqueles que tencionam ser ministros do
Senhor (1 Tm 3.1-7):
·
Qualificações morais: Ser
irrepreensível. Apresentando um caráter probo e ilibado, ele será um homem de
temperança e de bom testemunho (Is 8.20), refletindo o fruto do Espírito, que
se constitui em expressões do caráter de Cristo em nossa vida (Gl 5.22).
·
Qualificações mentais: Com o fruto do
Espírito, automaticamente, ele passa a ter a mente de Cristo e a ser uma pessoa
que renova sua mente diariamente com as coisas do céu, devendo ser apto para
ensinar a Palavra com toda a dedicação (Rm 12.7), instruindo, redarguindo e
corrigindo segundo a educação na justiça (2 Tm 3.17). Pelo fruto do Espírito, o
pastor desenvolve em si o controle emocional necessário a alguém que lidera
pessoas.
·
Qualificações pessoais: Deve ser hospitaleiro,
experimentado, gostar de visitar todo o rebanho, os membros de todas as classes
sociais, pois, dessa maneira, praticará a verdadeira religião, que consiste na
visita aos órfãos, às viúvas e aos necessitados (Tg 1.27). Também cabe ao
pastor oferecer a doutrina para a igreja. Por isso, deve ser um mestre (Ef
4.11), para que leve o povo à verdade, ensinando a Palavra de uma forma
sistemática, a fim de fundamentar a fé dos membros (Rm 10.17; Jd 3; 1 Jo 5.4).
Por meio do ensino recebido, refuta-se todo tipo de heresias e modismos que vêm
atacando a Igreja (Tt 1.9-11).
O pastor deve ser exemplo no bom trato, na sinceridade, na gravidade, na
linguagem sã, para que possa apresentar uma vida de integridade em tudo, e em
nada venha a ser apontado (Tt 2.7-10).
Não obstante, devemos nos lembrar de que somos assistidos por uma
multidão de testemunhas (Hb 12.1).
Cabe ao pastor apascentar o rebanho, tendo todo o cuidado com os
membros, tratando-os não com força, mas com muito amor (1 Pe 5.2-3).
Deve também manter-se na dependência do Senhor, como um obreiro de
oração, atualizado, leitor de bons livros e conhecedor profundo tanto de
teologia como de liderança e psicologia, para que não incorra em erros
teológicos e assim não se aproveite da simplicidade dos membros, pois os que
agem desse modo são comparados aos falsos pastores.
Infelizmente, alguns líderes roubam o povo, matam a sua fé e destroem a
sua espiritualidade.
Biblicamente, o verdadeiro pastor é aquele que dá a vida pelas ovelhas.
O Senhor Jesus nos ensina que ele deve protegê-las dos ataques dos
falsos mestres, exercendo sua liderança com humildade, pelo serviço, sendo um
líder-servo.
Todo líder deve aprender a delegar funções, procurando desenvolver cada
membro em uma área da igreja.
O grande objetivo pastoral é formar pessoas por meio do discipulado.
O verdadeiro líder não é aquele que comanda sozinho, mas sabe delegar
funções e formar novos obreiros.
É indispensável que o pastor tenha autoridade para exortar, aconselhar e
ensinar (1 Tm 3.2).
Subentende-se, portanto, que o ministério pastoral deve ser precedido de
uma vocação para o aconselhamento, evidentemente sem prejuízo das demais
atribuições eclesiásticas, de natureza espiritual e administrativa.
Áreas de atuação:
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Liderança de departamentos
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Edificação da igreja por meio do ensino bíblico-teológico
·
Exortação da igreja por meio da sã doutrina
·
Aconselhamento pastoral
·
Clínica pastoral
·
Liderança de igrejas
Cuidados em relação a esse dom
O dom ministerial de pastor pode ser classificado como um dos mais
importantes ofícios ministeriais que um obreiro pode receber, pois é o
responsável diante de Deus pelo povo que lhe foi confiado.
Contudo, o pastor deve sempre construir seu ministério com amparo
bíblico, para que possa em tudo ter base na Palavra de Deus.
Infelizmente, se o pastor não tiver base bíblica suficiente em seu
ministério, ele pode fatalmente cometer erros crassos, devido ao seu
despreparo, tais como a falta de amor e trato com o rebanho, a falta de
liderança, a intolerância, o autoritarismo e o nepotismo.
Os ministros devem se lembrar de que quanto mais elevado o grau, mais
servo da igreja o obreiro deve ser.
E mais: o verdadeiro líder não é aquele que comanda sozinho, mas o que
sabe delegar funções e formar novos obreiros.
Mestre
Esse dom é uma capacitação especial que Deus concede a alguns membros do
corpo de Cristo para que possam interpretar a Bíblia.
Eles são dotados de um dom extraordinário para ministrar, escrever e
explicar textos de difícil compreensão.
Esse ministério ocupa um lugar específico no Novo Testamento, pois é
mencionado em três listas de dons bíblicos (Ef 4.11; 1 Co 12.28; Rm 12.6-8).
O mestre é um despenseiro dos mistérios de Deus (1 Co 4.1), cabendo-lhe
a responsabilidade da transmissão do ensino da Palavra, que deve ser explanado
de forma didática e metódica (Ef 4.12-13a).
A explanação do mestre deve ser feita
em forma de estudo bíblico ou pregação expositiva, que valoriza mais a
exposição textual da Bíblia, conduzindo o povo a compreender de forma eficaz o
contexto tanto da época bíblica como o atual: “Então, lhes abriu o entendimento para
compreenderem as Escrituras” (Lc 24.45).
Este foi um dos métodos de preleção
usado por Jesus (Mt 5.2).
O mestre valoriza as regras de interpretação e prima pela exegese do contexto
da passagem empregada, ministrando sempre textualmente a prédica, apelando mais
para as faculdades mentais e a razão do que para as emoções, visando à
edificação dos santos.
Ele deve ser um amante do estudo, ter um coração preparado para buscar a
lei (Ed 7.10), meditar diariamente (Js 1.8; Sl 119.97, 105), examinar (Jo 5.39;
At 17.11), ter compromisso com a verdade (1 Tm 1.15), em tempos e fora de tempo
(2 Tm 4.2), para que por meio da doutrina muitos venham a guardar a palavra (Ap
3.8; 1 Jo 2.14) e assim se salvar (1 Tm 4.16).
Segundo Lutero, “mais vale uma verdade amarga do que uma mentira doce”.
No Antigo Testamento, o ensino era ministrado pelos anciãos (Nm 22.29),
posteriormente pelos levitas e depois pelos escribas (Ed 7.10).
Após o retorno do exílio babilônico, o povo judeu havia se esquecido do
ensino da lei do Senhor.
Diante dessa situação, Esdras, o escriba, leu a lei perante o povo desde
a alva (cinco horas da manhã) até o meio-dia, e um grupo de levitas traduzia e
explicava o texto para que o povo, que falava aramaico, pudesse entender.
Foi a primeira vez que se praticou o exercício tanto da hermenêutica
como da exegese.
O verdadeiro ensino bíblico produz arrependimento e confrontação, o que
gerou um grande avivamento espiritual entre o povo de Israel.
Podemos tomar como exemplo de mestres Esdras (Ed 7.10), Apolo, que era
poderoso em palavras (At 18.24-28), o apóstolo Paulo, que ministrava sempre
doutrinando as igrejas, e Jesus, nosso maior exemplo.
No contexto bíblico, o ministério do mestre era considerado de grande
importância ao desenvolvimento da obra.
O mestre deve ser um profundo conhecedor de todo o saber teológico,
bíblico, filosófico, moral e social, para que possa sempre oferecer respostas
às questões contemporâneas.
O mestre deve ser não apenas um professor, mas um facilitador, sendo o
responsável por encaminhar o povo para uma espiritualidade mais autêntica e
piedosa.
Nos dias atuais, o mestre recebe pouco reconhecimento nas denominações
evangélicas, se comparado com o ministério do evangelista.
No entanto, as igrejas que valorizam o ministério de mestre desenvolvem
um bom trabalho nas áreas sociais, pois o ensino bíblico contribui e muito para
o desenvolvimento tanto da intelectualidade como do caráter cristão.
A missão do ensinador é levar a igreja
aos fundamentos sólidos da Palavra de Deus, e isso só é possível mediante uma
explanação metódica e didática das Escrituras.
Todavia, para desenvolver bem o seu
ministério, o mestre deve buscar sempre estar se atualizando, fazendo cursos e
seminários de aperfeiçoamento, a fim de aplicar novos conceitos na ministração
do ensino, tanto na escola
de profetas, nos cursos ministeriais, no discipulado como nos cultos regulares,
estudos bíblicos e trabalhos com pesquisa.
Além de suas atividades no contexto do templo, o mestre também deve ser
um profundo conhecedor de técnicas de estudo para facilitar o exame
interpretativo das línguas originais, análise de manuscritos antigos,
interpretação de textos, usando as regras da exegese e fazendo com que a Bíblia
se interprete por si só.
O mestre também desenvolve o seu ministério como escritor e tradutor de
obras.
Diferentemente de outros ministros, o mestre, quando prepara um estudo,
leva horas pesquisando, pois, em suas prédicas, ministra termos específicos e
detalhados da Palavra para auxiliar o povo a descobrir o caminho de Deus.
Entretanto, se ele não for um professor atualizado, muitos alunos
passarão a não mais frequentar suas aulas, enfraquecendo e muito o nível
espiritual da igreja, pois o membro que não assiste aos cultos de ensino
dificilmente tem condições de discernir sobre coisas espirituais.
Áreas de atuação:
·
Tradução e avaliação de obras
·
Escritor de livros
·
Trabalho teológico
·
Preparação de palestras
·
Pesquisas acerca de temas bíblicos
·
Estudos bíblicos e outros
Cuidados em relação a esse dom
O dom ministerial de mestre é um dos mais importantes serviços cristãos,
sendo cabal ao desenvolvimento do corpo de Cristo.
Contudo, o mestre deve, acima de tudo, ser um cristão piedoso para que
possa pautar sua vida na disciplina e na humildade, que é o caminho da
verdadeira espiritualidade.
No entanto, podemos encontrar mestres que têm um conhecimento profundo,
mas são vazios de vida cristã e piedade.
O mestre deve ter uma comunhão profunda com Deus (Tg 4.8), nunca se
esquecendo da parte devocional, pois muitos ensinadores conhecem de forma
profícua todas as técnicas de interpretação, detendo todo o saber teológico e
filosófico, mas se esquecem do aspecto prático da fé.
Paradoxalmente, existem aqueles que foram chamados como mestres, mas
buscam apenas conhecer a Palavra de forma devocional, sem profundidade.
O mestre deve ser um profundo conhecedor da teologia, procurando sempre
cavar poços, desenvolvendo um senso crítico, para que saiba discernir sempre o
certo do errado, aplicando o saber teológico tanto de forma doutrinária como
devocional e procurando conhecer cada vez mais a Palavra, para que possa salvar
tanto a si mesmo como aos que o ouvem (1 Tm 4.16).
Quando os ensinadores não são aproveitados no ministério, isso gera uma
terrível sonolência espiritual na igreja, pois numa comunidade de fé cujos
mestres estão calados, a heresia fatalmente encontra campo fértil para se
desenvolver.
Esse é um dos principais motivos pelos quais há tantas divisões no meio
evangélico, pois o verdadeiro alimento espiritual ministrado em forma de estudo
bíblico foi substituído por grandes ajuntamentos de pessoas, nos quais há
prioridade para tudo, menos para a Palavra.