A CONCILIAÇÃO COMO FORMA DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS

Conciliação na Bíblia.

1Co 6. 1 Aventura-se algum de vós, tendo questão contra outro, a submetê-lo a juízo perante os injustos e não perante os santos?

2 Ou não sabeis que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deverá ser julgado por vós, sois, acaso, indignos de julgar as coisas mínimas?

3 Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos? Quanto mais as coisas desta vida!

4 Entretanto, vós, quando tendes a julgar negócios terrenos, constituís um tribunal daqueles que não têm nenhuma aceitação na igreja.

5 Para vergonha vo-lo digo. Não há, porventura, nem ao menos um sábio entre vós, que possa julgar no meio da irmandade?

6 Mas irá um irmão a juízo contra outro irmão, e isto perante incrédulos!

7 O só existir entre vós demandas já é uma completa derrota para vós outros. Por que não sofreis, antes, a injustiça? Por que não sofreis, antes, o dano?

8 Mas vós mesmos fazeis a injustiça e fazeis o dano, e isto aos próprios irmãos!

Paulo nesse contexto traduz a ideia de justiça DE FORMA CONCILIATÓRIA entre os irmãos de Corinto.

Neste texto também encontramos:

•O litígio entre irmãos deve ter a igreja como seu primeiro tribunal e se possível, único;

•O ministério da conciliação deve ser sempre observado na visão do outro.

•É desonroso para a igreja ter os seus problemas expostos ao julgamento particular ou público de pessoas não fiéis ao Evangelho.

•A justiça que vem do alto é imputada por meio da fé em Cristo. Ela vem do alto porque não se vincula a elementos humanos como: “achismos”, religiosidade, imposição, etc…

A Bíblia, no livro do Evangelista Mateus, cap. 5, nos leva a crer em uma prática conciliatória entre os povos de quem a Bíblia discorre em seu arcabouço literário.

Mt 5.22-26 Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo. Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta. Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo”.

Entendemos esse texto como um ensinamento jurídico de Jesus pós Sermão das Bem-Aventuranças. 

Os conflitos sociais sempre foram acompanhados de perto por Deus, desde Adão até os dias de hoje.

É impossível observar o processo de conciliação bíblico sem antes entender a ideia bíblica de justiça.

O interesse na “justiça”, na Bíblia, tem sua origem nas exigências pela justiça social e política, bem como pelos direitos humanos. 

A Bíblia, como um todo, não nega a importância dessas demandas, porém reinterpreta os objetivos da “justiça”, para dar-lhe um novo significado”.

Já no Novo Testamento, justiça tem haver com: Reino de Deus, fé, fidelidade, justificação que traz vida e vida eterna, amor e paz: 

“Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça… (Mt 6.33)”

“Porque nele a justiça de Deus se revela de fé para a fé, conforme está escrito: ‘o justo viverá da fé (Rm 1.17)”, 

apesar de conter a visão “secular” em algumas passagens como:

“… como imperou o pecado na morte, assim também imperasse a graça por meio da justiça, para a vida eterna, através de Jesus Cristo… (Rm 5.21) “… 

segue a justiça, a fé, a caridade, a paz com aqueles que, de coração puro invocam o nome do Senhor. (2Tm 2.22)”.

Dentro desse panorama abordado, fica a indagação: Como promover uma conciliação bíblica dentro de uma perspectiva processual?

Uma das formas que poderemos responder esse questionamento, está presente no que nos ensina Jesus nesta bela passagem:

Mt 5. 20 Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus.

Fica bem claro a necessidade de se enxergar o processo conciliatório bíblico com outros olhos.

Quando necessário, o nosso excesso na busca pela conciliação sempre nos levará a dimensão da vontade de Deus e não a nossa.

Quando excedemos a justiça dos Fariseus e Escribas, (essa em muitos caso é necessária e justa) verificamos que pintar o sepulcro nunca altera o seu cheiro interior, mas limpando-o primeiro por dentro, haverá sempre uma possibilidade de entendermos a natureza que procede a justiça que vem de Deus, como conseqüência e não causa desse processo, como bem relata as Escrituras Sagradas em um dos mais belos julgamentos da história, onde Salomão promove um julgamento entre duas mulheres pela guarda de um criança, vejamos em 1 Re 3. 5:28.


A conciliação no âmbito bíblico sempre buscará o que é “justo” dentro de um visão onde não haja apenas vencedores ou perdedores e sim um consenso do que será melhor para as duas partes. 

O evangelho genuíno começa no próximo e não em mim.

Outro ponto que não se pode desvincular do princípio conciliatório como resolução de conflitos é o saber PERDOAR.

A conciliação no âmbito bíblico sempre prezará o amor como “Carta Magna” e os decididos como prova da existência dele na vida das pessoas.

Por fim, entendemos a necessidade de conciliar sempre, como diz um adágio jurídico: “um mal acordo, por mais doloroso que seja, sempre será melhor que uma boa briga”.

A sabedoria divina cuida das relações do homem com Deus, das relações interpessoais e de tudo o que lhe for apresentado na era presente ou no porvir. 

Jesus Cristo, em Seu ministério terreno, é referência para a igreja no tratamento dos conflitos. 

Seu sucesso ao enfrentá-los é a garantia do nosso sucesso caso sigamos sua metodologia exposta no Sermão do Monte. 

O primeiro passo na solução do conflito é a humildade para reconhecê-lo e depois confrontá-lo e aprender com ele.


MEDIAÇÃO NO MINISTÉRIO DE INTERCESSÃO


A mediação como papel intercessório deve ser encarada como uma atividade muito séria, pois trata-se de um processo de restauração de valores entre os oficiais e membros da igreja.

O ideal é que o LÍDER DA INTERCESSÃO, ocupe esse papel de MEDIADOR E CONCILIADOR como especialista, devido o nível de responsabilidade exigido.

Já a JUDICIALIZAÇÃO deve ser praticada preferencialmente somente pelo DIRIGENTE da igreja, pela importancia das decisões, e exortação a serem tomadas.

Deve-se, acima de tudo, buscar no Espírito Santo, os dons de Palavra de Conhecimento, Palavra de Sabedoria, e Discernimento de espíritos para que se esteja habilitado espiritualmente para realizar essas atividades.