O que significa CONSELHO: Aviso que se oferece a alguém em relação ao que essa pessoa deve, ou não, fazer numa certa situação; recomendação.
Em que há sensatez, bom senso; prudência: um sujeito de conselho.
Decisão tomada após muita reflexão
Sinônimos de Conselho: Conselho é sinônimo de: juízo, parecer, recomendação, opinião, comissão, diretoria, prudência, tino, assembleia, sabedoria
VERSÍCULOS BÍBLICOS SOBRE CONSELHO
Colossenses 3:16 Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seu coração.
Salmos 1:1-3 Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, o seu prazer está na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem-sucedido.
Pv 15.22 Onde não existe conselho fracassam os bons planos, mas com a cooperação de muitos conselheiros há grande êxito.
Provérbios 11:14 Sem diretrizes a nação cai; o que a salva é ter muitos conselheiros.
Provérbios 19:20-21 Ouça conselhos e aceite instruções, e acabará sendo sábio. Muitos são os planos no coração do homem, mas o que prevalece é o propósito do Senhor.
Provérbios 20:18 Os conselhos são importantes para quem quiser fazer planos, e quem sai à guerra precisa de orientação.
Salmos 16:7 Bendirei o Senhor, que me aconselha; na escura noite o meu coração me ensina!
1 Coríntios 12:8: 8 Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
Aconselhar é uma prática tão antiga quanto a humanidade.
É uma das práticas mais comuns entre nós.
Trata-se de um dos melhores meios de ajudar pessoas.
Não é surpresa que Deus, ao dotar a igreja com vários dons, também se valha dessa habilidade tão valiosa, transformando-a num dom.
O aconselhamento pode ser visto sob várias óticas: como uma prática comum entre pessoas, como uma profissão (consultoria), como um dom específico, e este como um ministério.
Até que o aconselhamento galgue o status de ministério, como o conhecemos hoje, há um longo caminho.
O objetivo desta lição é traçar brevemente as raízes dessa prática, até que chegue no Novo Testamento como um dom, prática esta recomendada e exercida na igreja do primeiro século, que constitui um fundamento para todos os cristãos que se sintam dotados desse encargo.
CONSELHO NO ANTIGO TESTAMENTO
A prática e o valor do conselho são celebrados durante toda a Bíblia.
Longe de ser uma prática exclusiva entre o povo de Deus, a Bíblia nos dá conta de que, no mundo secular, reis se cercavam de sábios, magos, encantadores e feiticeiros como conselheiros (Gênesis 41:12; Daniel 2:2).
Como se pode perceber, o conselho e a prática de aconselhar eram comuns, independentemente do seu caráter e natureza.
Um estudo das palavras hebraicas relacionadas ao ato de aconselhar nos dá uma idéia da importância dessa prática milenar.
A palavra mais usada, na forma de substantivo, é etsah, a qual ocorre 84 vezes no Antigo Testamento. Como verbo, yaatz ocorre 23 vezes, e tem o sentido de “dar ou receber conselho”.
Essas palavras também podem significar “conselho dado ou recebido”, “planos formados” ou a “habilidade em fazer planos”.
Ainda, uma outra palavra hebraica interessante é sodth, que tem o sentido do “sentar junto” ou “uma assembleia”, tanto de amigos que conversam intimamente, ou de juízes que se consultam (Provérbios 15:22).
Sodh pode também denotar conversação familiar (Salmos 55:14).
E, como verbo, sodth tem o sentido de “fazer desnudado” ou “descobrir”, no sentido de “revelar um segredo” (Pv. 11:13).
Além das palavras que denotam conselho, o Antigo Testamento nos fala, em primeiro lugar, de Deus como tendo conselho e sendo conselheiro daqueles que o buscam (Jó 12:13; 15:8; Salmos 33:11; 73.:24; Provérbios 19:21). Sendo ele Deus, não precisa de conselho (Isaías 40:14).
Infelizmente nem sempre o seu povo recorreu ao conselho de Deus, e por isso sofreu consequências desnecessárias (Josué 9:14; Isaías 30:1).
Assim como Jó, podemos obscurecer o conselho de Deus (João 38:2; 42:3).
O profeta Isaías descreve o Messias como alguém sobre quem repousa “o Espírito de conselho e fortaleza” (Isaías 11:2), e o chama de “Maravilhoso Conselheiro” (Isaías 9:6).
No livro de Provérbios, o conselho é exaltado.
Serve tanto para o simples, para os jovens, para o sábio, para o filho que precisa de ensino (Provérbios 1:4-5); nele, a sabedoria personificada é dita como conselheira (Provérbios 1:25-30; 8:12,14).
Pessoas que seguem os seus próprios conselhos e não os da sabedoria podem perecer (Provérbios 1:31; 20:5).
Situações como guerra e grandes projetos carecem de conselhos (Provérbios 15:22; 20:18).
Até os ímpios podem dar conselhos e desvirtuar o justo (Jó 21:16; 22:18; Salmos 1:1).
Quando pensamos em personagens bíblicos de conselheiros no Antigo Testamento, alguns personagens nos vêm à mente, como protótipos dos atuais conselheiros cristãos.
Temos o caso de Jetro, sogro de Moisés, que o aconselhou em como resolver o seu difícil trabalho de atender tanta gente que vinha para o seu famoso genro (Êxodo 18:13-26).
No tempo dos Juízes, Samuel destacava-se como um importante conselheiro em seu trabalho itinerante, ouvindo controvérsias, julgando causas, ensinando e aconselhando à medida que as necessidades apareciam (1 Samuel 28:7-25).
Embora os profetas, em seu papel, tivessem a função primeira de serem arautos e não conselheiros, eles também se interessavam por aquilo que caracteriza os conselheiros: coisas do coração.
Exemplos disso são: Jeremias e Ezequiel.
CONSELHO NO NOVO TESTAMENTO
No Novo Testamento, à semelhança do Antigo, o aconselhamento era uma prática comum.
Para melhor entendermos essa prática, podemos analisá-la de várias maneiras: quem praticava o aconselhamento, que dom nas várias listas de dons do Novo Testamento pode ser associado ao dom do aconselhamento, que palavras específicas pressupõem o dom e a prática do aconselhamento, como era praticado e como se deve proceder no dom e na prática do aconselhamento.
O aconselhamento praticado por líderes e cristãos em geral O aconselhamento no Novo Testamento era praticado tanto por líderes quanto por membros comuns.
Ou seja, a prática do aconselhamento não era uma atividade exclusiva de algumas pessoas, mas sim uma prática generalizada.
A começar por Jesus, este se destaca como o grande conselheiro.
Ninguém melhor do que ele compreendia e lidava com as questões da alma humana e suas necessidades.
O Senhor Jesus Cristo era conselheiro por excelência.
Ele tinha a graça, a simpatia, o poder espiritual e o amor, mediante as quais Ele conquistava para si os homens.
Seu amor era pessoal, compreensivo e intuitivo.
Se nós o seguirmos de modo consistente, não somente nos tornaremos pescadores de homens, mas também, restauradores de homens.
Os apóstolos, por meio de cartas, e pessoalmente, também aconselhavam pessoas e igrejas inteiras nos mais variados temas, os quais também são comuns no aconselhamento dos nossos dias: relacionamento interpessoal, casamento, relacionamento conjugal, sexo, finanças, educação de filhos, relação entre empregados e patrões etc. Com muita probabilidade, outros líderes, que trabalhavam na igreja local, também exerciam esse papel, especialmente os presbíteros, que tinham funções pastorais (Atos dos Apóstolos 20:28-32; 1 Pedro 5:1-4).
No entanto, a prática do aconselhamento era feita também por membros comuns da igreja local, e encorajada pelos apóstolos, para a edificação da igreja (Veja Romanos 12:15; 15:14; Gálatas 6:1-2; 2 Tessalonicenses 3:15).
Olhando por esse prisma, o aconselhamento, assim como outros dons (socorros, contribuição, misericórdia, por exemplo) é, antes de tudo, um dever de todos os membros.
Isso é muito importante porque é um reforço na edificação do corpo de Cristo.
A demanda por aconselhamento é mais do que líderes específicos poderiam dar conta.
Que cristão já não se viu numa situação em que precisou dar um conselho a alguém necessitado?
Que cristão, que conhece as Escrituras, não pode dar um conselho?
Assim, todos podem e devem praticá-lo, quando necessário.
É maravilhoso saber que como intercessores podemos ser usados por Deus para edificar a igreja.
O ACONSELHAMENTO COMO UM DOM
Porém, conquanto o dever do aconselhamento pertença a todo corpo de Cristo, existem pessoas específicas dentro da igreja que têm não somente o dever mas também o dom específico para aconselhar, quer coletivamente, quer publicamente, ou mesmo privativamente.
Vários líderes tinham esse dom.
Como exemplo, podemos pensar no apóstolo Paulo e seu filho na fé, Timóteo.
Quando consultamos, por exemplo, a carta do apóstolo a Timóteo, vemo-lo exortando ao seu filho na fé, pastor da igreja de Éfeso, em suas questões pessoais (1 Timóteo 5:20; 6:13; 2 Timóteo 1:6), como também o instruindo a exortar a todos: hereges (1 Timóteo 1:3), o homem idoso, os jovens, as mulheres idosas (1 Timóteo 5:1-2).
Em termos de dons espirituais, não vemos o aconselhamento mencionado como um dom específico, nas várias listas de dons do Novo Testamento (Romanos 12:6-8; 1 Coríntios 12:8-10; 28-30; Efésios 4:11), embora este existisse, com certeza, nos círculos cristãos, sob várias formas e em vários níveis. Dentre todos os dons, existe um que se pode associar ao aconselhamento.
Trata-se do “dom da exortação”.
Uma correlação entre o dom da exortação e o aconselhamento: Em Romanos 12:8 nós lemos acerca do dom da exortação.
A palavra grega é paraklesis, que significa “‘vir ao lado de para ajudar”.
A palavra implica advertir, confrontar, dar suporte, e encorajar pessoas para enfrentar o futuro.
Tudo isso soa muito como aconselhamento, e tudo se refere a um dom dado por Deus para um seleto grupo de crentes.
O dom da exortação é aquela qualidade especial que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para ministrar palavras de consolo, encorajamento, ânimo e conselho a outros membros do Corpo, de tal modo que estes se sentem ajudados e curados.
Além da palavra “exortação” (paraklesis) usada para designar um dom específico, incluso na prática do aconselhamento (Romanos 12:8), existem outras palavras gregas que também caracterizam o aconselhamento.
Curiosamente três delas se encontram num só versículo numa das cartas do apóstolo Paulo aos Tessalonicenses, incluindo a palavra “exortação”.
Confira: “Exortamo-vos (paraklesis), também, irmãos, a que admoesteis (noutheo) os insubmissos, consoleis (paramutheomai) os desanimados, ampareis (antecho) os fracos, e sejais longânimos para com todos” (1 Tessalonicenses 5:14 grifo nosso).
Além disso, as três palavras resumem três grandes objetivos do aconselhamento: admoestar, encorajar/consolar e amparar.
Por último, outras práticas recomendadas pelos apóstolos também encorajam, implicitamente, a prática do aconselhamento.
(Romanos 12:15; 15:14; Gálatas 6:1-2; 2 Tessalonicenses 3:15).
A INFORMALIDADE E A FORMALIDADE DO ACONSELHAMENTO
O aconselhamento no Novo Testamento era praticado tanto formal quando informalmente.
Isso fica evidente ao lermos os documentos bíblicos.
Tanto pessoas comuns, membros de igreja, como líderes, com funções mais específicas, aconselhavam.
Exemplos disso se verifica na atuação do casal Áquila e Priscila que aconselharam Apolo a respeito da sua incompleta teologia e fé (Atos dos Apóstolos 18:24-28), e Timóteo, o qual, formalmente deveria exortar alguns em Éfeso a não ensinarem outra doutrina e nem se ocuparem com fábulas e genealogias indevidamente (1 Timóteo 1:3,4).
A PRÁTICA COLETIVA E PRIVATIVA DO ACONSELHAMENTO
Quanto à prática coletiva e privativa do aconselhamento, isso também é fácil de perceber ao lermos as páginas do Novo Testamento.
Jesus, por exemplo, exortava pessoas tanto coletiva e publicamente quanto privativamente.
Os seus discursos e ensinos públicos, tanto para o público em geral (Mt caps 5 – 7) quanto para o grupo dos apóstolos (Marcos 4:10-20; 9:28,29), estão cheios de conselhos.
Nicodemos, no entanto, foi aconselhado privativamente, quando procurou conhecer a Jesus (João 3:1-15).
COMO DEVE SER FEITO O ACONSELHAMENTO
A Bíblia não nos apresenta, entre outras coisas, técnicas de aconselhamento e nem uma lista formal de princípios de atendimento a pessoas.
Mesmo assim, podemos encontrar exemplos de como o aconselhamento era feito, e algumas recomendações de como conselheiros deveriam fazê-lo, tanto em situações específicas como em relação a algumas classes de pessoas.
De acordo com Paulo, o dom da exortação, de um modo geral, deve ser exercido com dedicação (Romanos 12:8, RA).
Isso pressupõe investimento de tempo e esforço, caracterizando um trabalho contínuo, como um ministério efetivo.
Quando lemos as cartas pastorais, vemos o apóstolo Paulo exortando aos seus colegas de ministério e filhos na fé, Tito e Timóteo, no seu trabalho de aconselhamento, a como dirigir-se a classes de pessoas.
Para Timóteo, por exemplo, o apóstolo recomenda brandura, paciência, mansidão (2 Timóteo 2:24.25), longanimidade (2 Timóteo 4:2), respeito e pureza (2 Timóteo 5:1-2).
Para Tito, por sua vez, recomenda que admoeste o homem faccioso (Tito 2:10).
Nessas cartas, e em outros documentos neotestamentários, vê-se que todos os públicos são objeto de aconselhamento: hereges, pessoas facciosas, idosos, jovens (moços e moças) etc, e nas mais variadas situações: os desanimados, os insubmissos, os fracos, aqueles que estão em pecado, em erro doutrinário etc.
Muito podemos aprender sobre a prática e o dom do aconselhamento, observando como grandes líderes bíblicos aconselhavam pessoas e seus públicos.
Um exemplo disso é o apóstolo Paulo.
Embora fosse primeiramente um missionário, ele era também um pastor.
Suas cartas estão permeadas de conselhos pastorais, ante os problemas que apareciam nas igrejas.
Uma gama de assuntos era objeto de seus conselhos: conflitos entre irmãos, casamentos mistos, divórcio, relações sexuais ilícitas, relações entre senhores e escravos etc., além dos assuntos espirituais e doutrinários.
A encarnação do conselheiro ideal, acima de todos, pode ser visto em Jesus.
Ele tinha um insight singular das necessidades e dos problemas das pessoas.
Nunca lhe faltou compaixão.
O seu ministério foi uma série de variações sobre o tema, desde o seu discurso inicial em Nazaré (Lucas 4:18).
Em seu ministério a pessoas individuais, Jesus demonstrou simpatia, honestidade, sinceridade e paciência.
CONCLUSÃO
Nenhum membro está livre da responsabilidade de participar na edificação do corpo de Cristo.
Além dos dons espirituais democratizarem e distribuírem o trabalho entre todos os membros da igreja existem os deveres cristãos, ou seja, mesmo que alguém não possua um determinado dom a ser exercido especialmente, cada um deve estar aberto para ser usado pelo Espírito Santo, em qualquer situação, mesmo que seja excepcionalmente, para aconselhar alguém que precisa de ajuda.
O QUE É O CONSELHEIRO PASTORAL
Basta uma leitura de Atos para logo concluirmos: não há cristão que não seja conselheiro.
É o que afirma o apóstolo Paulo.
Colossenses 3:16 Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração.
No mesmo livro, porém, constatamos que o Espírito Santo separa determinadas pessoas, para que se consagrem ao ministério do aconselhamento.
Nos momentos de crise, requer-se a pronta intervenção de alguém chamado especificamente a essa tarefa.
Todavia, o que é o conselheiro cristão? É um profissional? Um médico de almas? Ou um ministro do evangelho?
1. Definição etimológica.
A palavra conselheiro é oriunda do vocábulo latino consiliariu, e significa “aquele que se assenta no concílio ou assembléia”.
Semelhante definição remete-nos às praças e aos palácios da antigüidade, nos quais congregavam-se os sábios para orientar os concidadãos a decidirem entre o certo e o errado.
Haja vista o episódio narrado no livro de Rute.
No portão de Belém, reuniram-se os anciãos, a fim de ajudar Boaz a obter o direito de ser o resgatador da jovem moabita (Rt 4.1-12).
2. Definição genérica.
Conselheiro é aquele que ministra conselhos seja na discrição de um gabinete, seja na efervescência da assembléia do povo.
Também é conhecido como conselheiro o ministro encarregado de orientar o chefe de Estado.
O pensador cristão Charles Colson, por exemplo, atuou durante vários anos como conselheiro especial do presidente norte-americano Richard Nixon.
Em sua autobiografia, narra a tensão e as dificuldades por ele enfrentadas no desempenho de sua função.
O conhecimento não lhe era suficiente; a sabedoria era-lhe indispensável; a experiência, imprescindível.
Ora, se para aconselhar uma autoridade secular requer-se tamanha responsabilidade, como portar-se ante as demandas da Igreja de Cristo?
3. Definição teológica.
O conselheiro pastoral é alguém capacitado pelo Espírito Santo para ajudar as ovelhas de Cristo nos momentos de crise, mostrando-lhes, através da Bíblia Sagrada, a vontade de Deus e as soluções apontadas pela Palavra de Deus.
O apóstolo Lucas, Desde a sua chamada ao ministério cristão, tornara-se um especialista em curar as feridas do espírito.
Eis por que todos o chamavam de médico amado (Cl 4.14).
Se nos empenharmos por seguir-lhe o exemplo, também seremos tidos na conta de médicos de almas.
Não foi justamente para isso que nos convocou o Senhor Jesus?
Quando os fariseus o censuraram por dedicar-se aos pecadores, respondeu-lhes: “Os sãos não necessitam de médico, mas sim os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores” (Mc 2.17).
Não são apenas os incrédulos que se acham com a alma enferma.
Os crentes também enfrentam graves moléstias espirituais, conforme escreve Paulo aos irmãos de Corinto: “… há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem” (1 Co 11.30).
Que terapia usaremos para restaurá-los? Existe apenas uma terapia realmente eficaz: a ministração da Palavra de Deus através do aconselhamento pastoral, pois nem sempre as pregações públicas são eficientes àquele que requer um tratamento individual e diferenciado.
Algumas doenças da alma não podem ser tratadas numa enfermaria coletiva.
O CONSELHEIRO NO ANTIGO TESTAMENTO
Em Israel, os conselheiros eram bastante requisitados.
Até mesmo Salomão, considerado o mais sábio dos homens, tinha-os em elevada estima (1 Rs 12.6).
A palavra destes homens, nem sempre idosos, mas necessariamente idôneos, era consignada como a voz de um anjo de Deus (2 Sm 16.23; Ec 4.13).
A fim de aconselhar a sua geração, Salomão escreveu dois livros: Provérbios e Eclesiastes.
Se os conselheiros, porém, viessem a desconsiderar a sabedoria de Deus, levariam todo um império à ruína.
Haja vista a divisão das tribos de Israel no tempo de Roboão (1 Rs 12.1-15).
E o conselho de Balaão, filho de Peor?
Instruído por sua cobiça, Balaque prontamente colocou tropeços diante dos filhos de Israel, incitando-os a se prostituírem e a comerem dos alimentos oferecidos aos ídolos (Ap 2.14).
A função de conselheiro era de tal forma importante em Israel, que o Messias foi assim descrito: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9.6).
A expressão hebraica peleh yohets é particularmente emblemática.
Descreve alguém que, por seus atributos divinos, é a fonte de todos os tesouros do conhecimento, segundo a descrição que faz Paulo do Senhor Jesus Cristo: “Para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em caridade e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus — Cristo, em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Cl 2.2,3).
É por isso que elegemos o Senhor Jesus como o paradigma do conselheiro pastoral.
Aliás, não poderia ser de outra forma; ninguém falava e aconselhava como o nosso Salvador.
O CONSELHEIRO NO NOVO TESTAMENTO
A Igreja de Cristo é a comunidade conselheira por excelência.
Na Grande Comissão, ela recebe tal incumbência do próprio Cristo: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!” (Mt 28.19,20).
A Igreja deve ser uma comunidade de estímulo.
Nesse sentido, que ela se poste como um hospital de almas, cujos médicos acham-se em permanente plantão para socorrer as ovelhas do Cristo.
De João Batista a João, o Teólogo, o conselho marca indelével e inconfundivelmente o Novo Testamento.
1. João Batista. Ao preparar o caminho do Senhor, João Batista santificou-se a aconselhar os filhos de Israel, pois só assim haveriam eles de alcançar o ideal que lhes traçara o Senhor na Lei de Moisés e nos Profetas.
Certa vez, João foi procurado por uns publicanos e soldados que buscavam uns conselhos práticos para o seu dia a dia.
Refletindo a justiça profética, assim o Precursor do Messias exortou-os: “Não peçais mais do que aquilo que vos está ordenado.
A ninguém trateis mal, nem defraudeis e contentai-vos com o vosso soldo” (Lc 3.13,14).
Ao censurar Herodes, veio a perder a vida (Mt 14.1-12).
Seus conselhos, todavia, não puderam ser calados; continuam a ecoar, mostrando-nos ser a ética e a justiça o caminho trilhado pelos que temem a Deus.
2. Jesus Cristo. Jesus é o eterno, maravilhoso e infalível conselheiro.
Ele aconselha-nos através de seus sermões, por meio de suas parábolas, através de seus pronunciamentos, mediante suas profecias; valendo-se de sua própria vida, serve-nos de perfeitíssimo conselho.
No Sermão da Montanha, admoesta-nos a viver segundo a lei do amor.
Nas parábolas, exorta-nos a agir de acordo com o padrão divino, comparando as coisas do céu com as da terra. E, em suas profecias, insta-nos a proceder de conformidade com a vida futura.
Ele não se atinha apenas à vida no céu.
Sabendo quão estressante é o nosso cotidiano, deixou-nos uma série de princípios, visando aliviar-nos da pressão do cotidiano.
Seus conselhos e métodos continuam tão atuais, hoje, quanto há dois mil anos.
3. Apóstolos. Através dos conselhos que diariamente ministravam, os apóstolos fizeram da Igreja Cristã uma comunidade orientadora.
A eloqüência de Pedro não era medida somente pelos discursos; mediam-na, também, pelos consolos que o galileu ia dispensando às ovelhas de Cristo.
Tiago, o enérgico pastor de Jerusalém, não era conhecido apenas pelo rigor com que tratava as coisas de Deus; conheciam-no, de igual modo, por sua palavra oportuna e conciliadora.
E Paulo?
Não era ele o grande doutor dos gentios?
Apresentava-se, igualmente, como o orientador da gente simples quer entre os judeus, quer entre os gregos e romanos.
Já no Apocalipse, deparamo-nos com João; se por um lado descerra ele os mistérios do futuro, por outro, mostra o amor e o desvelo de Cristo no presente de suas ovelhas.
Sendo a Igreja de Cristo uma comunidade aconselhadora, somos instruídos a buscar conselhos e a ministrá-los sempre que necessário.
Assim, todos somos edificados em amor: “Pelo que exortai-vos uns aos outros e edificai-vos uns aos outros, como também o fazeis” (1Ts 5.11).
Nessa passagem, o apóstolo destaca que o conselho, verdadeiramente espiritual e amoroso, gera edificação.
É o conselheiro, por conseguinte, um edificador de caracteres, de corações e de almas.
Provérbios 11:14 Não havendo sábios conselhos, o povo cai, mas na multidão de conselhos há segurança
Roboão foi um rei em Israel, era filho de Salomão. Ele substituiu seu pai quando este faleceu.
Salomão havia colocado tributos ao povo, estes tributos se tornaram altos e difíceis.
O povo se reuniu e foram falar a Roboão. “Porque mandaram chamá-lo; veio, pois, Jeroboão e toda a congregação de Israel, e falaram a Roboão, dizendo: Teu pai agravou o nosso jugo; agora, pois, alivia tu a dura servidão de teu pai, e o pesado jugo que nos impôs, e nós te serviremos. ( I Reis 12:3-4)
Roboão vai em busca de conselhos, “E teve o rei Roboão conselho com os anciãos que estiveram na presença de Salomão, seu pai, quando este ainda vivia, dizendo: Como aconselhais vós que se responda a este povo?
E eles lhe falaram, dizendo: Se hoje fores servo deste povo, e o servires, e respondendo-lhe, lhe falares boas palavras, todos os dias serão teus servos.”(I Reis12:6-7)
Ele recebeu um conselho dos anciões, porém não o agradou e resolveu que iria atrás de outros, foi aos amigos jovens de idéias novas, revolucionárias.
E lhes pediu conselhos, veja como foi: “Porém ele deixou o conselho que os anciãos lhe tinham dado, e teve conselho com os jovens que haviam crescido com ele, que estavam diante dele.
E disse-lhes: Que vos aconselhais que respondamos a este povo, que me falou, dizendo: Alivia o jugo que teu pai nos impôs?
E os jovens que haviam crescido com ele lhe falaram: Assim dirás a este povo que te falou: Teu pai fez pesadíssimo o nosso jugo, mas tu o alivia de sobre nós; assim lhe falarás: Meu dedo mínimo é mais grosso do que os lombos de meu pai.
Assim que, se meu pai vos carregou de um jugo pesado, ainda eu aumentarei o vosso jugo; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões.”(v.8-11)
Este conselho agradou aos seus olhos, desta forma ele seria mais poderoso que seu pai. Reuniu o povo e os declarou o que os jovens o dissera. Porém!!!
O povo não aceitou e se rebelou, e foram para suas tendas, “Então o rei Roboão enviou a Adorão, que estava sobre os tributos; e todo o Israel o apedrejou, e ele morreu; mas o rei Roboão se animou a subir ao carro para fugir para Jerusalém”(v.18)
Aqui está o segredo do conselho, a quem pedir.
Como temos sido aconselhados, estamos sendo bem guiados por pessoas sérias e tementes a Deus, ou estamos apenas procurando “profetadas”, conselhos de pessoas que dizem conhecer tudo e nada sabe do Senhor Jesus.
O melhor caminho não é o mais curto e fácil, mas aquele que nos leva a refletir sobre cada ato, cada gesto.
O conselho deve ser pedido sim, Moisés soube pedir um conselho, foi ao seu sogro, este o aconselhou a dividir o povo e sua carga diminuiu, seu trabalho ficou mais leve e de fácil execução.
Nunca caminhe sozinho, juntos somos mais, nos aquecemos no frio e caminhamos longas distâncias sem ser pesado