CONHECER O ESTADO DA REGIÃO

DISCERNIR OS ESPÍRITOS QUE AGEM NAS CIDADES

 

“Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava em face da idolatria dominante na cidade.” (At 18:16)

 

 

Embora os atenienses fossem religiosos e ansiosos para discutir questões religiosas, seu nível espiritual não era nada desejável, visto que viviam mergulhados em ideias meramente humanas e incapazes de salvá-los.

“Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo” (Cl 2:8)

 

Outro lugar interessante para se visitar em Atenas é o Areópago, bem ao lado da Acrópoles. O Areópago de Atenas era um lugar a céu aberto num cimo rochoso onde o senado se reunia. Os frequentadores do Areópago eram nobres intelectuais chamados areopagitas.

 

É surpreendente imaginar como o Espírito Santo capacitou Paulo a discursar no Areópago diante de um povo tão arraigado à idolatria. Havia também na cidade, supersticiosos, intelectuais, poetas, e seguidores de várias correntes filosóficas e éticas dos quais se destacavam os epicureus e estoicos com quem Paulo teve que se confrontar. Não é exagero dizer que Atenas, naquela época, era como a Índia de hoje, onde o número de deuses per capta e suas estátuas é bastante alta, a ponto de se criar adágios como: ‘É mais fácil encontrar um deus do que um homem em Atenas’.

 

Enquanto aguardava a chegada de Silas e Timóteo, seus companheiros de evangelização, Paulo passou a reparar os inúmeros templos, estátuas e altares que o rodeavam, e não pôde se conter: tratou de ir à sinagoga local, e à praças, onde procurava oportunidade para pregar, quando foi levado ao Areópago por epicureus e estoicos.

 

O famoso discurso de Paulo em Atenas deu-se por volta do ano 50-52 d.C. Paulo encontrou na cidade imagens de todas divindades gregas, inclusive, um curioso nicho reservado ao ‘Deus desconhecido’ (agnôstô Theô), o qual ele utilizou como argumento para seu discurso.

 

 

O DISCURSO DE PAULO EM ATENAS

Paulo fez no Areópago de Atenas, um hábil e perfeito discurso que todos os pregadores deveriam ter como exemplo. Embora estivesse em um ambiente totalmente pagão, ele não começou atacando ou desaprovando as crenças atenienses; pelo contrário, com prudência e muita sabedoria e conduzido pelo Espírito Santo, fez de todo o ocorrido, oportunidade para anunciar o Salvador: JESUS Cristo. Paulo tinha pleno entendimento de que o evangelho não deveria ser pregado à toa, mas a todos. Mais tarde, Paulo mesmo escreveu aos colossenses:

“Portai-vos com sabedoria para com os que são de fora; aproveitai as oportunidades. A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um.” (Cl 4:5-6)

 

Analisemos o discurso de Paulo:

1.       Antes de tudo, devemos enxergar que, ao contrário de o que muitos homens despreparados buscam hoje nas praças e nas igrejas, a pregação de Paulo não visou a sua autopromoção ou satisfação ao ter oportunidade de falar num lugar tão prestigiado, diante de magistrados. Podemos confirmar este pensamento do apóstolo ao lermos 1Co 15:9 que diz: “Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo […]”. Já um pregador ignorante pode ser tão desastroso quanto aos ouvintes ignorantes;

2.       Paulo começa elogiando a espiritualidade dos atenienses, porém, nota-se uma certa ironia:  “Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos” (At 17:22);

3.       Em seguida, o apóstolo procura dar recado de que mesmo sendo acentuadamente religiosos, infelizmente, os atenienses estavam na direção errada;

4.       Paulo se oferece para apresentar o Deus Desconhecido que os seus ouvintes adoravam sem conhecer (At 17:23). Veja que, desta maneira, Paulo incentiva o raciocínio daqueles que se consideravam nobres mestres e filósofos;

5.       Paulo dá um breve e leve toque contra a idolatria e procede anunciando o evangelho;

6.       Paulo prossegue seguindo o raciocínio cativando os gentios, mas ainda com cautela e paciência, chega ao ponto culminante da sua pregação. Ao lermos as epístolas paulinas, podemos notar o amor e cuidado que Paulo tinha pelo evangelho: Para ele, pregar o evangelho não era passatempo, nem aventura, ou questão de status. Quando escreveu ao rebanho em Corinto, confessou:  “[…] Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns. Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador com ele.” (1Co 9:22-23)

7.       Repare que o apóstolo toma cuidado de não pronunciar o nome de JESUS, por enquanto, para evitar qualquer blasfêmia ao santo nome por parte dos seus ouvintes; afinal, Paulo estava no berço da filosofia grega, falando diante de intelectuais seculares – seguidores de filósofos como Sócrates, Aristóteles, Platão, Epicuro, Zenon, Tales e muitos outros. Ao introduzir precipitadamente o Nome do Senhor, poderia haver risco de seus ouvintes comparar o Supremo Senhor com aqueles simples mortais. Este cuidado é fundamental para qualquer pregador fiel ao Senhor;

8.       Ele bem sabia que o nome de Cristo, o nosso Senhor era loucura para os gregos (1Co 1:23), no entanto, é fácil observar que, próximo ao fim de seu discurso, a atenção de toda a audiência está concentrada em JESUS Cristo, embora Seu nome não seja mencionado em todo o discurso;

9.       Prosseguindo com o seu discurso, Paulo chega ao ponto onde todo evangelista deve chegar: o arrependimento e a salvação por JESUS Cristo. (At 17:30-31);

10.   A decisão final fica a critério de cada um. O Senhor JESUS havia ensinado: “[…] Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado.” (Mc 16:15-16). O resultado desta cuidadosa pregação começou a aparecer mesmo antes do seu término;

11.   Uns impacientes, viraram-se indo embora e outros escarneceram da palavra. Mesmo com todo o cuidado em anunciar a verdade de Deus, não podemos conquistar todos, mas felizmente, alguns pecadores que ouviram atentamente ficaram com remorso e se arrependeram, dentre os quais, a Bíblia cita o areopagita Dionísio, uma mulher chamada Dâmaris e outros (At 17:34).

 

Parece que o número de convertidos foi muito maior nas cidades interioranas de Filipos, Tessalônica e Corinto comparado com o de Atenas – centro cultural e reduto de intelectuais da época. Mais tarde, Paulo escreveu uma epístola aos filipenses, duas aos tessalonicenses, e duas aos coríntios; mas nenhuma aos atenienses. Veja quão isto é humilhante aos orgulhosos e poderosos deste século:

“Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus. Pois está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos instruídos. Onde está o sábio? Onde, o escriba? Onde, o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria do mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura da pregação. Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus.” (1Co 1:18-24)