A difícil arte de conhecer-se.
“Considerem: Uma árvore boa dá fruto bom, e uma árvore ruim dá fruto ruim, pos uma árvore é conhecida por seu fruto. Raça de víboras, como podem vocês, que são maus, dizer coisas boas? Pois a boca fala do eu está cheio o coração. O homem bom tira coisas boas, e o homem mau do seu mau tesouro tira coisas más. Mas eu lhes digo, que no dia do juízo, os homens haverão de dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado. Pois por suas palavras vocês serão absolvidos, e por suas palavras serão condenados.” Mateus 12.33-37.
Quem sou eu? Essa parece ser uma pergunta simples, mas dificílima de ser respondida. Como saber exatamente o que somos?
Nisto constituiu-se a mais nobre tarefa dos filósofos gregos: “Conhece-te a ti mesmo”, era a máxima que orientava todo o pensamento helênico. Como discernir corretamente porque fazemos o que fazemos, porque agimos como agimos, porque somos assim do jeito que somos?
A sabedoria bíblica também considera que conhecer-se a si mesmo é mais nobre, e mais difícil, que se tornar um referencial de uma geração. Salomão listou alguns adágios de seus dias, para mostrar a importância do conhecimento próprio:
Melhor é o longânimo do que o herói da guerra, e o que domina o seu espírito do que o que toma uma cidade. Prov. 16.32.
O texto que o sábio Eclesiastes referiu-se contém uma profundidade impressionante, porque mostra a sabedoria como uma força importante:
“Também vi debaixo do sol este exemplo de sabedoria que muito me impressionou: Havia uma pequena cidade, de poucos habitantes. Um rei poderoso veio contra ela, cercou-a com muitos dispositivos de guerra. Ora, naquela cidade vivia um homem pobre, mas sábio, e com sua sabedoria ele salvou a cidade. No entanto, ninguém se lembrou mais daquele pobre. Por isso pensei: Embora a sabedoria seja melhor do que a força, a sabedoria do pobre é desprezada, e logo suas palavras esquecidas. As palavras dos sábios, devem ser ouvidas com mais atenção do que os gritos de quem domina tolos. A sabedoria é melhor do eu as armas de guerra.. “ Eclesiastes 9.13-18.
A verdadeira sabedoria começa com o conhecimento próprio. Considerando que estejam corretos
Provérbios 27.19: “Como na água o rosto corresponde ao rosto, assim o coração do homem ao homem.”
Provérbios. 23.7: “Porque assim como imagina na sua alma, assim ele é”.
Pode-se afirmar que cada um é o produto integral de todos os fatores que compõem sua existência. Lya Luft declarou que:
“A infância é o chão sobre o qual caminharemos o resto de nossos dias. Se for esburacado demais vamos tropeçar mais, cair com mais facilidade e quebrar a cara… Por isso precisei abrir em mim um espaço onde abrigar as coisas positivas, e desejei que fosse maior do que o local onde inevitavelmente eu armazenaria as ruins”.[1]
Somos o produto do DNA que herdamos dos nossos pais; das alegrias e traumas de nossa infância; dos amigos que conhecemos; dos lugares que freqüentamos, dos traumas que sofremos, das alegrias que provamos; enfim, das experiências que se somaram na trajetória de nossa vida.
Entretanto, mesmo com esse conhecimento, parece que ainda perdura a sede de saber quem somos de verdade.
Jesus abordou essa questão, quando precisou confrontar a elite religiosa de seus dias. Os fariseus, aliados a casa sacerdotal de Caifás, tentavam rotulá-lo de herege da pior espécie. Chegaram a sugerir que ele estivesse aliado a um deus medonho, sujo e asqueroso: Belzebu. Nesse clima, ele ensinou como alguém podia conhecer sua própria realidade.
Primeiramente ele afirma no versículo 33 que somos o que geramos; nossa identidade é firmada naquilo que produzimos ou no que deixamos como legado. Por onde passo, vou semeando um pouco do que sou.
Em segundo lugar, ele mostra, no versículo 34, que a integridade de cada pessoa é definida por sua coerência entre o que é e o que aparenta ser. Hipocrisia é conviver pacificamente com o contra-senso de ser mau e dizer coisas boas.
Reputação é o que cada pessoa se mostra diante do próximo, caráter é o que se mostra diante do olhar onisciente de Deus. Portanto, pode-se definir honestidade como a coerência entre a vida vivida e as afirmações propagandeadas.
Também, define-se integridade como o preço pago para se viver com coerência. Integridade que não requer um custo, tem virtude.
Só é íntegro quem for capaz de oferecer: perdão ao inimigo; tolerância ao opositor; solidariedade ao amigo; exemplo ao filho; reverência ao pai; respeito a si mesmo; e sua totalidade a Deus.
Jesus ainda ensinou, na última parte do versículo 34, que a realidade de cada um sempre se impõe e que não adianta querer viver dissimuladamente.
A qualquer momento, quando se está desapercebido o que cada pessoa é sobe à tona. Atos falhos acabarão denunciando. A boca falará do que está cheio o coração. Talvez esse seja o motivo porque os demagogos não gostam de companhia, eles sabem que logo, logo serão conhecidos.
Nessa busca pelo próprio eu, cada um precisa conscientizar-se que será sempre o resultado do que se alimenta. Jesus advertiu, no versículo 35, que se alguém alimentar sua alma de porcarias, se frustrará quando precisar tirar do coração alguma coisa boa.
Nessa busca de conhecer-se, é mister, repito, coerência. Para haver consistência entre a verdade do coração e as escolhas que são feitas é preciso algumas compreensões:
1. Deve-se dar tempo proporcional para os verdadeiros valores. Como se pode tirar do coração, da riqueza da alma, coisas boas se não há tempo para elas? Ninguém pode querer conhecer realidades espirituais se não estiver disposto a vivê-las.
2. Quando emergirem, isto é, vierem à tona, coisas feias e vergonhosas, nunca se deve tratá-las com leviandade.
3. É necessário tomar cuidado com o que se fala:
a) não sendo portador de más notícias.
b) Jamais espalhando o que for apenas uma suspeita.
c) Nunca fazendo qualquer comentário sobre uma pessoa se não estiver absolutamente certo que as motivações são legítimas.
d) Não compartilhando sobre problemas com gente sem maturidade para ouvir e trabalhar aquele problema.
e) Lembrando que as palavras frívolas não ficarão impunes. No que se refere a palavra falada, não adianta alegar que foi sem querer, porque Provérbios 6.16-19 lê-se: “Seis coisas o Senhor aborrece, e a sétima ele abomina: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que trama projetos iníquos, pés que se apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contenda entre os irmãos”.
4. Mantendo a consciência de que ninguém é exatamente o que pensa, ou o que outros imaginam, mas o que Deus sabe a seu respeito. – Se ele disser que sou parte de uma raça de víboras, não adianta, é isso o que sou. Portanto, gastarei minhas energias em ser o que Deus intenta que eu seja e não em representar.
5. Vivendo com a certeza de que há um dia que a Bíblia denomina de Dia do Juízo. No espiritismo não há esse dia, nem no budismo, nem no hinduismo, apenas no cristianismo. Isso significa que todos comparecerão diante do trono de Deus.
O mais solene e grave pensamento é que há um dia de prestação de contas.
Todas as virtudes começam pelo autoconhecimento. Assim, antes de proclamar amor a Deus, todos devem lembrar: “conhece-te a ti mesmo. Antes de defender o certo e recriminar o erro: “conhece-te a ti mesmo. Antes de querer amar o próximo: conhece-te a ti mesmo.
UMA GERAÇÃO QUE NÃO CONHECE A DEUS
O texto que acabamos de ler fala a respeito das características de uma geração, e é um texto bem triste das Escrituras. O povo de Israel, durante 40 anos esteve sob a liderança de Moisés. Depois dele, Deus levantou Josué para liderar o povo na conquista da terra prometida. Depois que Josué morreu, a situação ficou terrível para Israel.
Com a morte de Josué, morreu também uma geração inteira que conhecia o Senhor e levantou-se outra geração que não conhecia a Deus. Essa geração passou por vários problemas, justamente porque não conhecia o Senhor. Chama-me a atenção esta expressão. Notem bem: “não conhecia o Senhor”.
Infelizmente, há pessoas que se contentam em conhecer a igreja do Senhor; o pastor, os membros, mas não estão preocupadas em conhecer o Senhor. Conhecer ao Senhor vai muito além disso. Conhecer o Senhor é ter uma experiência com ele e permitir que essa experiência influencie e transforme o seu modo de viver. É triste constatar que a nossa geração não conhece o Senhor. Isso fica claro quando mergulhamos nesse texto e identificamo-nos com as características de uma pessoa cuja geração não conhece a Deus.
Uma geração que não conhece a Deus…
1. Não se COMPROMETE em fazer o que é RETO aos seus olhos
“Então os israelitas fizeram o que Senhor reprova e prestaram culto aos baalins.” (Juízes 2.11)
Quando a geração não conhece a Deus, vive um estilo de vida voltado apenas para os seus interesses. O seu compromisso é consigo mesmo. O seu desejo é o que vale. O que importa é a satisfação das suas vontades. A vontade de Deus fica pra depois.
A vida com Deus requer uma disposição de fazer o que é bom perante o Senhor. Porém, é muito mais fácil fazer o que é bom diante da sociedade. Entretanto, aquilo que é bom perante os homens, nem sempre é bom perante Deus. E isso ficou claro no caso de Israel. Eles se igualaram às nações vizinhas. Eles se desviaram do caminho do Senhor.
“Mesmo assim eles não quiseram ouvir os juízes, antes se prostituíram com outros deuses e os adoraram. Ao contrário dos seus antepassados, logo se desviaram do caminho pelo qual os seus antepassados tinham andado, o caminho da obediência aos mandamentos do Senhor.” (Juízes 2.17)
Por vezes a estrada da vida parece tão dura e difícil que o mais natural a fazer é pegar um atalho que nos conduza, de um jeito mais fácil, aos nossos objetivos. Você já tentou pegar um atalho e acabou se perdendo? Motivada pelos atalhos que se apresentam como opções mais fáceis para a vida, esta geração tem perdido o rumo da sua existência.
“Por isso a ira do Senhor acendeu-se contra Israel, e ele disse: como este povo violou a aliança que fiz com os seus antepassados e não tem ouvido a minha voz, não expulsarei de diante dele nenhuma das nações que Josué deixou quando morreu.” (Juízes 2.20-21)
Por ter feito o que era mal perante o Senhor, aquela geração quebrou a sua aliança com Deus. O que é uma aliança? Quem é casado ou noivo tem uma no dedo. Aliança é um sinal, uma representação de um acordo firmado entre duas pessoas que se comprometeram diante de Deus e algumas testemunhas, de que viveriam juntas na saúde ou na doença, na alegria ou na tristeza até que a morte viesse a separá-las. E, quando isso não acontece, ocorre a quebra da aliança. Israel havia se comprometido em servir ao seu Deus, em viver unido ao seu Deus até à morte, porém, eles quebraram essa aliança. Como está a sua aliança com Deus?
Uma geração que não conhece a Deus…
2. ENFRENTA sérias CONSEQUÊNCIAS
“Sempre que os israelitas saíam para a batalha, a mão do Senhor era contra eles para derrotá-los, conforme lhes havia advertido e jurado. Grande angústia os dominava.” (Juízes 2.15)
Precisamos compreender que as nossas atitudes geram consequências. E aqui encontramos uma geração tendo que enfrentar as duras consequências de não conhecerem a Deus. O escritor aos Hebreus nos advertiu:
“Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo.” (Hebreus 10.31)
Como é maravilhoso contar com o favor do Senhor. Como é triste contar com a reprovação do Senhor. A mão de Deus pode ser tanto o favor de Deus quanto a oposição de Deus a tudo quanto fazemos. Neste caso, a mão de Deus se colocou em oposição a tudo o que o povo estava fazendo. Isso só aconteceu porque aquela geração não conhecia a Deus e nem se comprometia com ele.
Uma geração que não conhece a Deus…
3. Torna-se INCONSTANTE em seus caminhos
“Sempre que o Senhor lhes levantava um juiz, ele estava com o juiz e os salvava das mãos de seus inimigos enquanto o juiz vivia; pois o Senhor tinha misericórdia por causa dos gemidos deles diante daqueles que os oprimiam e os afligiam. Mas, quando o juiz morria, o povo voltava a caminhos ainda piores do que os caminhos dos seus antepassados, seguindo outros deuses, prestando-lhes culto e adorando-os. Recusavam-se a abandonar suas práticas e seu caminho obstinado.” (Juízes 2.18-19)
Diz o texto que, quando tudo ia mal, eles clamavam e buscavam ao Senhor, que se compadecia deles e mandava um libertador. Mas, quando tudo ficava bem, eles abandonavam ao Senhor. Será que essa atitude tem alguma semelhança com a atitude de tantos que ainda hoje, só procuram a Deus na hora da dor? Tantos que só procuram as bênçãos de Deus e se recusam a ter uma experiência com o Deus que dá as bênçãos?
A falta de um conhecimento profundo de Deus nos leva a um relacionamento superficial com ele. Tornamo-nos religiosos e até cumpridores dos nossos deveres, mas ocos e vazios por dentro.
Uma geração que não conhece a Deus…
4. Não o deixa TRATAR o seu CORAÇÃO
“Mas, quando o juiz morria, o povo voltava a caminhos ainda piores do que os caminhos dos seus antepassados, seguindo outros deuses, prestando-lhes culto e adorando-os. Recusavam-se a abandonar suas práticas e seu caminho obstinado.” (Juízes 2.19)
Essa foi uma geração que se recusou ser tratada por Deus. Uma geração que se contentou com uma maquiagem, que encobria a sua realidade diante de Deus. As nossas atitudes podem nos levar a um distanciamento de Deus. E podemos nos distanciar de Deus sem perceber que estamos distantes dele. Uma geração que não conhece a Deus não permite que ele cuide do seu coração. Seu coração ainda está doente? Talvez você esteja inserido em uma geração que ainda não conhece a Deus!
Conclusão:
À semelhança desta geração, nós vivemos numa geração que tem se rebelado contra Deus, que tem quebrado a sua aliança com Deus, que tem se recusado a aceitar o tratamento de Deus, que tem buscado a Deus somente quando se encontra em apuros. Há muita gente achando que conhece a Deus porque não falta a nenhuma celebração, vem à EBD, participa de todas as ferramentas de crescimento espiritual que a igreja oferece, entrega o seu dízimo, canta, ora e jejua.
Porém, talvez a palavra de Deus para sua vida, hoje, seja a mesma que ele liberou sobre seu povo no tempo dos juízes: “surgiu uma nova geração que não conheceu a Deus”.
Uma geração que não conhece a Deus…
1. Não se COMPROMETE em fazer o que é RETO aos seus olhos
2. ENFRENTA sérias CONSEQUÊNCIAS
3. Torna-se INCONSTANTE em seus caminhos
4. Não o deixa TRATAR o seu CORAÇÃO
Escolha, hoje, fazer parte da geração que conhece a Deus, que se compromete com Ele, que faz o que é reto aos seus olhos, que possui um espírito reto e que se submete ao seu tratamento diariamente. Decida hoje conhecer mais de Deus!