Que dizer da atuação de forma organizada sobre regiões, nações, cidades, grupos étnicos e gerações de famílias?
Em primeiro lugar, devemos reconhecer que há, de fato, alguma evidência bíblica a favor de espíritos territoriais.
Jesus chamou Satanás de “o príncipe de mundo” (Jo 12.31), enquanto Paulo o denominou “o príncipe da potestade do ar” (Ef 2.2) e “o deus deste século” (2 Co 4.4).
Ele é “o sedutor de todo o mundo”, juntamente com seus anjos (Ap 12.9).
Um forte argumento para a crença numa atuação regional de demônios pode ser encontrado no atraso de três semanas do mensageiro angelical a Daniel, que sofreu a oposição do “príncipe da Pérsia” (Daniel 10.12-13). Isso é entendido por muitos eruditos como referindo-se a um príncipe espiritual sobre a nação, raça e terra persa.
As duas referências clássicas ao domínio satânico sobre nações terrestres são aquelas atribuídas a Satã quando Isaías e Ezequiel estão se dirigindo aos reis de Babilônia e Tiro (Is 14.12-14; Ez 28.12-16).
Um caso interessante de designação diabólica a uma determinada localização geográfica é o da “Legião” (Mc 5.1-20) suplicando a Jesus para não enviá-los para fora da região. O Senhor glorificado chamou Pérgamo de “onde está o trono de Satanás” (Ap 2.13).
Jesus também falou sobre a vida religiosa de Esmirna, identificando-a com a sinagoga de Satanás (Ap 2.9-10).
As interpretações destas passagens podem variar entre cristãos sinceros, mas uma coisa é certa; a crença em espíritos territoriais não de deve ser considerada aberrante, como é, por exemplo, o evangelho da saúde e da prosperidade.
O assunto nunca deve tornar-se um ponto de divisão entre irmãos em Cristo.
Mas que dizer dos espíritos de geração? Há cinco referências explicitas no Antigo Testamento que prometem que Deus visitará os pecados dos pais nos filhos com punição (Lv 26.39, Jr 32.18), até à quarta geração (Ex 20.5; 34.7; Nm 14.18).
Em resultado do pecado de seu pai Cão, os descendentes de Canaã foram amaldiçoados por Noé, e Jacó temeu uma maldição de Isaque sobre a sua linhagem familiar (Gn 9.25; 27.12).
Para apoiar a doutrina dos espíritos de geração é preciso inferir que a visitação da punição e o cumprimento da maldição consiste na presença demoníaca visitada aberrante, mas de fato requer um desvio de interpretação.
Pode existir alguma evidência no fato de que após a maldição de Samuel ”um espírito maligno” ( 1 Sm 18.10) atormentou Saul. Mas este texto não constitui um argumento conclusivo para a crença de um demônio designado a uma geração amaldiçoada.
Uma instância em que os proponentes desta doutrina se afastam das Escrituras de modo definitivo é a pratica de tentar expulsar estes espíritos.
A Bíblia realmente mostra Jesus e Paulo repreendendo verbalmente demônios que possuíam indivíduos fisicamente.
Cada um destes foi libertado e, da mesma maneira que o gadareno, ficou “em perfeito juízo”, visto que o materialismo, a imoralidade e a irreverência são o comportamento comum.
Vosso adversário anda em derredor, como leão que ruge…
Amarrar verbalmente o inimigo é também usado para atacar os malfeitores espirituais invisíveis do mundo das trevas.
Sei de um pastor que abre cada culto dizendo: “Satanás, eu te amarro para que você não impeça esta reunião em nome de Jesus”.
Um irmão em Cristo com boas intenções é sutilmente desencaminhado quando a primeira pessoa a quem se fala num culto de adoração a Deus é Satanás.
Este “amarrar” está baseado em textos que jamais foram entendidos como se aplicando a uma fórmula de repreensão verbal.
Apesar de Jesus realmente ter dito que o homem forte deve ser amarrado, em Mateus 12.29, isso se dá pela aproximação do poderoso reino de Deus.
Esta metáfora de modo algum instrui os crentes a mudar o mundo através de repreensão verbal.
Em Mateus 16.19 e 18.18 Jesus fala que crentes tem uma autoridade para amarrar que afeta os céus e a terra.
Em 18.19 a disciplina da igreja ( que se refere aos que professam ser cristãos) é o sujeito da amarrar e do desatar, e não a batalha espiritual ( que se refere ao domínio demoníaco).
No versículo 20 isto se realiza pela oração a Deus, não pelo falar com Satã.
[…] resisti-lhe firmes na fé.
O Senhor realmente afirmou, todavia, que há um conflito de reinos (Mt 12.22-30).
Paulo instruiu a igreja em Éfeso sobre a batalha espiritual, contra as maquinações da hierarquia das trevas celestes composta do “diabo”, “principados”, dominadores deste mundo tenebroso” e “forças espirituais do mal” (Ef 6.12). (Talvez espíritos territoriais estejam incluídos nesta lista).
Para travar esta guerra, Paulo diz aos crentes para “ficar firmes” contra eles no poder de Deus, usando Sua armadura.
As armas que ele alista para a batalha são: honestidade, justiça, testemunho, segurança da salvação, fé em Deus e domínio das Escrituras.
Mas, espere!!!! Isso não é simplesmente a vida de obediência cristã?
Onde está o encantamento místico – o contato direto com o sobrenatural?
Pareceria que os cristãos que vivem efetivamente sua fé atacam a opressão satânica da sociedade com uma investida violenta, o que a mera repreensão verbal não consegue.
Após descrever a armadura espiritual do cristão, Paulo enfatiza a importância da oração. ë instrutivo examinar a natureza dessa oração.
Ele primeiro insta: “com toda oração e súplica, orando em todo no Espírito” (Ef 6.18).
A vitória sobre uma hierarquia demoníaca envolve persistência em falar come Deus.
Então Paulo continua instando a que se ore “por todos os santos”.
Ao orar uns pelos outros, os cristãos combatem os demônios.
Nos próximos dois versos, ele pede duas que se ore por ele mesmo, como missionário.
A oração dá poder à pregação do evangelho.