IGREJA COMO UM HOSPITAL

Mateus 11.28-30 “Vinde a mim todos vós que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei, tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas. Pois o meu jugo é suave e meu fardo é leve”.

Se a igreja deve ser como um hospital espiritual então entender o tipo de gente que frequenta um hospital e o que elas fazem nos ajudará a entender como uma igreja deve funcionar.

No hospital há gente que cuida e gente que é cuidada – Há gente que dá remédio – Gente que carrega os doentes – Gente que atende – Gente se tratando – Gente buscando o alívio da dor – Gente que cura e gente que quer a cura.

As pessoas que vão a um hospital têm que se submeter a exigências e seguir aos regulamentos do mesmo.

O Maior Hospital do Mundo, a Igreja.

“Então lhe ofereceu Levi um grande banquete em sua casa, e numerosos publicanos e outros estavam com eles à mesa. Os fariseus e seus escribas murmuravam contra os discípulos de Jesus, perguntando: Por que comeis e bebeis com os publicanos e pecadores? Respondeu-lhes Jesus: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. “Não vim chamar justos, e sim pecadores, ao arrependimento.” Lucas 5: 29-32.

Este texto bíblico chama-nos a atenção para duas prioridades que o Senhor Jesus tinha e tem com relação à raça humana.

A primeira é a sua preocupação com ela. Ele sabe que ela está “doente”, corrompida pelo pecado e separada de Deus. Por isso, Ele deixa claro aos religiosos da época essa sua preocupação, afirmando que veio para aqueles que estão doentes e não para os justos, ou pelo menos não para aqueles que se consideram justos e que não precisam de Deus (mesmo entendendo que estes também necessitam).

A sua segunda prioridade é ir até onde estão os doentes, os pecadores. Ele foi até eles. Mesmo sendo estes considerados os piores pecadores, o Senhor Jesus foi e se sentou a mesa com eles. Por isso, era considerado “amigo dos pecadores” (apelido lindo e adequado para o Cristo de Deus).

O Senhor Jesus não somente se preocupava com os pecadores, os doentes. Ele efetivamente colocava em prática essa preocupação indo onde eles estavam para assim levar a cura para a enfermidade da qual padeciam.

A Igreja deve seguir e cumprir também estas prioridades e este ensino do seu Senhor.

Quando meditava nesse texto, veio a minha mente uma analogia que considero interessante. O Senhor Jesus usou termos como “doentes” e “médico”. Isso nos lembra locais onde essas pessoas costumam estar com freqüência, os hospitais.

E mesmo entendendo que a Igreja de Cristo é ligada espiritualmente pelo vínculo do Espírito e pela Palavra, tornando-a uma só Igreja composta dos salvos em todas as épocas e lugares, também entendo que a sua organização neste mundo se dá pelas várias congregações, grupos e comunidades que se reúnem em locais específicos (igrejas locais) para como corpo (juntos) prestar culto ao seu Senhor e servir a Ele e uns aos outros e não pelo isolamento de seus membros ou de seu trabalho solitário.

E quando comparamos essa Igreja a um grande hospital, o entendimento é similar. Seria como uma rede de hospitais, cada um alcançando uma região. Todos estes hospitais locais vinculados, formando um imenso hospital. Todos tendo um mesmo dono e proprietário.

Sendo assim, imagine agora esses hospitais locais, todos muito bem aparelhados e estruturados para bem atender doentes (pacientes). Equipados com a última tecnologia existente, com uma organização e administração modelo e um pessoal vocacionado e treinado para receber, atender e tratar pessoas com enfermidades e males de todos os tipos. Uma recepção cordial, amável e preocupada em atender adequadamente essas pessoas. Estacionamento amplo para os acompanhantes, visitantes e pacientes (doentes) e ainda dependências muito bem planejadas para suportar as exigências de vários tipos de tratamentos e especialidades.

Você diria que se trata de uma utopia, ou quem sabe de um exemplo em termos de hospital. Mas, imagine que esses hospitais existam, mas que tivessem atendido doentes somente durante um período após sua fundação e que não houvesse mais pacientes (doentes) sendo atendidos ou tratados. O que você diria desses hospitais exemplos ou modelos?

Certamente, ele não estariam cumprindo os objetivos para que foram criados. Não estariam cumprindo a missão para que foram construídos e planejados.

Por melhor que fosse sua infra-estrutura, seu preparo, a capacidade e conhecimento do seu pessoal, não serviriam para aquilo que seria o básico, ou seja, ser um local de atendimento, tratamento e recuperação de pessoas enfermas, feridas e machucadas.

Após expor isso e voltando ao texto, sabemos que quando o Senhor Jesus ensinava, tinha em mente, não somente os discípulos de sua época, mas todos os que viriam. Ele ensinava e dava o exemplo para Sua Igreja, para seus seguidores, para os cristãos.

Portanto, levando em consideração os termos “doentes” e “médico” usados por nosso Senhor, podemos entender a Igreja como um grande hospital.

E nessa grande rede espiritual de hospitais locais que é a Igreja, devemos viver estas prioridades ensinadas por Cristo, ou seja, a preocupação com os doentes e a busca por eles efetivamente.

Novamente, pensando literalmente em um hospital, vemos que existem ambulâncias. Veículos usados para ir até onde estão pessoas doentes, machucadas e que necessitam serem tratadas e trazidas ao hospital com certa urgência. São nas ambulâncias que os primeiros socorros são dados. E depois de estabilizados, são trazidos para receber atendimento mais aprofundado, criterioso e serem observados com mais calma.

O grande hospital-Igreja também deve ter essa função. Ir até onde estão os doentes e lá dar os primeiros cuidados e socorros. Isto é o que o Senhor Jesus nos declara em Marcos 16:16. Ir ou indo até onde estão os que precisam. Esta é grande comissão. Isto faz parte da missão desse grande hospital chamado Igreja.

Podemos entender essas ambulâncias de forma espiritual, como os braços e pernas da Igreja. É o evangelismo pessoal atuando onde convivemos e estamos. A ambulância espiritual alcançando o colega de trabalho, de escola, de faculdade. Pode ser indo até nosso vizinho, nosso parente. Pode ser na fila do banco, no ponto de ônibus, enfim, onde estivermos, podemos ser as ambulâncias desse grande hospital, levando os primeiros cuidados, socorros aos doentes sem Deus, espalhados por esse mundo.

Mas, também existem os que chegam por conta própria, (se bem que entendo que é Deus que os move para a Igreja), e que devem ser acolhidos por esse hospital espiritual, pela comunidade cristã. Aqui vale também o ensino de Cristo, pois temos que recebê-los e encaminhá-los aos diversos setores, alas, especialidades (ministérios) desse grande hospital (1 Cor. 12; Efésios 4).

O interessante é que assim como em um hospital que possui pessoas designadas e destacadas para várias especialidades, funções e serviços, na Igreja também existem uma diversidade e variedade de dons, talentos, funções e serviços (ministérios), revelando a importância que Deus dá ao trabalho em equipe e a participação de todos os crentes na vida da Igreja. Todos têm funções e serviços a realizar.

 

Veja como existem muitas semelhanças entre a Igreja e um hospital:

 

A Maternidade

Nos melhores hospitais sempre existe a maternidade. É ali que nascem os bebês. É onde ocorrem os partos. Na Igreja também isso deve ser uma constante (João 3:7). Os novos nascimentos devem ocorrer. Igreja que não vive a experiência de ter nascimentos, onde não se tem bebês espirituais, está em processo de estagnação, de decadência espiritual.

Mas, assim como em um hospital existem aqueles que fazem os partos e aqueles que cuidam dos bebês imediatamente aos partos, na Igreja também Deus capacita pessoas para tais funções (ministérios). Os nascimentos, os partos se dão pelo poderoso convencimento do Espírito através da pregação do Evangelho. Os pregadores, evangelistas e ensinadores da Palavra de Deus têm parte nisso. Deus os capacita extraordinariamente para exercer esses ministérios visando alcançar os pecadores perdidos (os pacientes). Após isso são encaminhados ao Berçário.

No berçário entra o trabalho dos enfermeiros (as) espirituais, cuidando dos bebês que acabaram de nascer.

É necessário aquecê-los, dar-lhes carinho e amor, encaminhá-los a primeira mamada, muitas vezes niná-los, dar o “colinho”, enfim, observá-los com cuidado e zelo, pois ainda são totalmente incapazes de viver sozinhos. São bebês. Precisam que alguém cuide deles.

Talvez Deus tenha capacitado você para ser um destes que servem na maternidade ou no berçário espiritual. Talvez seu ministério seja encaminhar aos partos ou cuidar dos bebês espirituais.

A Pediatria

Nos hospitais existe uma área destinada ao atendimento às crianças. Na Igreja, quando os bebês são bem cuidados e alimentados adequadamente, eles crescem e se tornam crianças. Estão se desenvolvendo (1 Cor. 3: 12). E também necessitam de cuidados especiais.

Nesta fase já conseguem pegar os alimentos e comer até sozinhos. Porém, não discernem o bom alimento daquele que pode prejudicar-lhes a saúde. Ainda precisam que alguém prepare o que vão comer (é preciso preparar a famosa “papinha” ou a mamadeira que alguns teimam em não deixar).

Importante saber que gostam muito de alimentos que são saborosos ao paladar. Não são simpáticos àqueles que são fundamentais para o bom crescimento. Preferem os doces, as guloseimas e tudo que lhes traz satisfação naquele momento. Também fazem muita bagunça e barulho. São extremamente sensíveis e melindrosos. Choram à toa. Dormem quando é pra ficar acordado e ficam acordados quando é pra dormir. Quebram as coisas. Falam o que não é pra falar. Ficam “emburrados” e gostam muito de ser elogiados.

Ora, são crianças. O que podemos esperar? Não podemos exigir deles que tenham atitudes de adultos. Chegarão lá.

Temos que ter paciência, amor e entender isso.

Por isso, precisam de pessoas cuidando deles.

A boa alimentação (discipulado, ensino, aconselhamento…) são alimentos essenciais para as crianças crescerem, mas não esqueça de vez em quando de levá-las para passear (momentos de comunhão), de brincar com elas (confraternizações, eventos) e de demonstrar seu amor de forma objetiva (ouvindo-as e dedicando a elas sua atenção). Tudo isso faz parte da boa infância, inclusive espiritual.

Talvez você seja uma dessas pessoas que Deus capacitou para cuidar das crianças espirituais nesse grande hospital que é a Igreja.

 

A Clínica Geral

Nos hospitais e clínicas, os clínicos gerais são aqueles que tratam, a princípio, de todo tipo de enfermidade crônica em seu diagnóstico inicial. Quando verificam qual tratamento devem disponibilizar ao doente o encaminham a um especialista naquela área.

Na Igreja podemos encontrá-los realizando o trabalho de ensino de uma forma geral. Podem ser professores de Escola Bíblica ou líderes de grupos pequenos, por exemplo. Levam o alimento a todos e o remédio necessário àqueles que estão sendo tratados de enfermidades espirituais crônicas, como é o caso de pessoas que sempre ficam doentes da mesma enfermidade. São curadas, mas por não cumprir com as observações e medicamentos prescritos voltam a ficar doentes. Precisam ser corrigidas e advertidas de tais atitudes. Os clínicos gerais tem muitas vezes essa função.

Talvez Deus tenha capacitado você para ser um clínico geral.

A Ala Cirúrgica

Os cirurgiões são aqueles responsáveis pelas operações mais delicadas e indispensáveis quando os demais tratamentos não surtiram o efeito desejado. São tratamentos drásticos. Não há mais a possibilidade desses doentes serem curados através de medicação ou tratamentos mais comuns. É necessária uma cirurgia.

Na Igreja ou através da Igreja, muitas vezes isso também é necessário para que o doente seja restaurado ou até salvo.

A cirurgia é dolorosa e sofrida. Muitas vezes é demorada e trabalhosa. Requer um período de preparação e após, de restabelecimento. Mas, se feita corretamente e se seguida de todas as precauções e cuidados, restaura a qualidade de vida do doente. Espiritualmente isso também é um fato. Não podemos expulsar (excluir) doentes simplesmente porque estão doentes. Não é pra isso que existe o hospital (Igreja)? Não podemos mandar embora os que precisam ser tratados. Esse não é o papel de um hospital, e muito menos de uma Igreja verdadeiramente cristã.

Deus capacita certos crentes para esta tarefa (ministério). São líderes que entendem a importância e o momento certo de efetuarem essa operação. São homens e mulheres de Deus, capacitados, vocacionados e preparados para esse delicado trabalho.

Você pode ser um destes. Já pensou nisso?

O CTI

Este local é temido por todos. Quando se está internado no CTI corre-se sério risco de morte. Geralmente, aqui as pessoas estão em coma, ou seja, muitas estão vivas apenas porque aparelhos assim o permitem.

Estão quase mortas. Já não conseguem se comunicar com as demais pessoas. Não falam. Não vêem. Estão inconscientes.

Espiritualmente, muitos assim se encontram. Já não conseguem ver as coisas espirituais, não conversam mais sobre as coisas de Deus e não percebem que a consciência foi cauterizada pelo pecado que estão cometendo constantemente. Alguns já serviram e trabalharam em um hospital local (igreja local), mas hoje estão tão doentes quanto os que um dia trataram.

Estão vivos espiritualmente porque alguém ainda ora e intercede por eles. Estão ainda vivos porque Deus ainda os ama e os tem preservado.

Porém, precisam de tratamento intensivo. Precisam de remédios específicos e de muita paciência, para que novamente voltem à vida que já desfrutaram.

O coma pode durar horas, dias, meses e até anos. Requerem dos médicos e enfermeiros que trabalham nesse setor muita perseverança, esperança, confiança e fé.

Mas, enquanto estiverem ligados pelos aparelhos, tudo pode mudar.

Você pode ter sido chamado e capacitado por Deus para trabalhar em um CTI espiritual e cuidar dessas pessoas enquanto estão inconscientes, até que despertem.

A Geriatria

Esta área é separada para os mais idosos, ou seja, aqueles que já viveram muitos anos e agora estão em sua velhice. Os cuidados aqui são tão especiais quanto para as crianças. Alguns dizem que nessa fase voltamos a ser crianças.

Os nossos queridos mais experientes necessitam também de uma alimentação adequada a sua idade. Alguns ficam doentes com enfermidades próprias da idade, causadas muitas vezes pelo excesso de trabalho durante a vida ou ainda pela má alimentação que tiveram. Alguns têm feridas antigas que carregam sem ainda estarem cicatrizadas. Também requerem atenção e carinhos constantes, mas acima de tudo possuem uma sabedoria de vida sem igual que não pode e não deve ser desprezada.

Gostam muito de conversar e de contar os acontecimentos ocorridos na sua vida. Ouvi-los com atenção sincera além de ser remédio para eles, nos traz conhecimento para nossa vida.

Aprendemos muito com eles. E mais, um dia lá estaremos.

Quem sabe, você não foi capacitado por Deus para cuidar deles.

E sendo assim, algumas perguntas são pertinentes.

Qual sua especialidade nesse grande hospital que é a Igreja?

Temos como membros dessa Igreja nos preocupado com os doentes que estão fora de nossas paredes?

Temos nos preocupado em alcançá-los?

Temos nos preocupado com os doentes dentro de nossas paredes?

Temos buscado curá-los ou temos expulsado muitos porque estão sofrendo de enfermidades graves?

Temos tido paciência?

Temos compreendido que as enfermidades, muitas vezes são acompanhadas de revolta e desânimo? Temos aplicado o bom remédio de Deus? Temos amado o suficiente?

 

QUAL É A DIFICULDADE DA IGREJA PARA SER COMO UM HOSPITAL?

1.      A maioria de nós se considera apenas doentes crônicos em busca de cura nesse hospital chamado igreja.

a.      É gente que esta sempre observando como é tratada, mas não se preocupa se esta tratando bem ou não as outras pessoas.

b.      Gente que só quer ser abençoada. Não se importa em saber como pode  abençoar outros.

2.      A segunda dificuldade, é que outros de nós já começaram a entender que podem também curar, mas ainda continua se considerando na maior parte do tempo apenas um doente.

São os que se acham inválidos espirituais.

Aquele que se coloca como um inválido espiritual Sabe que tem algum dom.

sabe que pode ser muito útil. Mas se esconde, se encolhe e se escora em suas muletas.

a.      A muleta do trabalho

b.      A muleta da falta de tempo

c.       A muleta da falta de dinheiro

d.      Usam a família como muleta, os filhos.

3.      A terceira dificuldade da igreja para funcionar como hospital, é que existe gente até querendo ajudar. No entanto, ignora o próprio mal que esta nela.

Geralmente esse mal é o orgulho, a soberba, a altivez. Essas são doenças difíceis de curar.

4.      Nossa quarta dificuldade para ser como hospital, é que somente alguns de nós (a minoria) entende de forma saudável e equilibrada o seu papel como igreja.

a.      É gente que chegou mal. Recebeu o pronto atendimento. Foi medicada. E mesmo ainda se tratando ajudam os outros a encontrar alívio para sua dor.

b.      Esse tipo de gente tem na maioria das vezes consciência de suas debilidades e fraquezas, mas não se travaram e resolveram se engajar no trabalho de auxiliar na cura do próximo.

Conclusão

O Senhor nos chama, “Vinde a Mim”, é um convite, para nos despojar de toda carga, Deus quer nos aliviar.

Saia da mesmice e tome o jugo de Jesus, pois é leve, aceite as recomendações do médico dos médicos, Ele quer aliviar o teu fardo, Ele quer transformar a tua vida, fazer de você um verdadeiro cristão, deixe que Deus extraia de você todo o fruto da carne (Gl. 5:19-21).

Permita que Deus faça isso na tua vida e você não será mais o mesmo, se sentirá aliviado, sentira Deus na tua vida e então divulgue o trabalho do Senhor.