O reino de Deus é proclamado no início do ministério de Jesus Cristo e embora fosse continuamente aguardado pelos judeus, a expectativa deles não era correta.
Eles esperavam que este Reino se manifestasse na Terra, de forma visível. Mas estavam enganados! O Senhor Jesus revelou o reino de Deus de uma maneira diferente.
Neste estudo, você vai ver como a Bíblia o apresenta e como se dá o seu desenvolvimento em nossos dias. Lendo até o final, você colherá bons frutos!
O Que é o Reino de Deus na Bíblia?
O domínio apresentado por Jesus está em constante expansão. Ele cresce sobre a Terra de forma quase imperceptível (Lucas 13:20,21).
A visão bíblica de reino, no entanto, é um pouco diferente da visão terrena. Para a língua portuguesa o significado é:
1. país, estado governado por um rei ou rainha; monarquia.
abs. o reino de Portugal (em relação ao Brasil colonial e a outras ex-colônias) ☞ inicial maiúsc.
2. o conjunto dos súditos de uma monarquia (Pesquisa Google).
Para a Bíblia, no entanto, o Reino de Deus não possui a mesma conotação. Embora Jesus seja o Rei , esse reino não possui domínio total nesta Terra, ainda (João 18:36).
O Reino Está Dentro de Nós
O Reino dos céus está dentro de cada um de nós e é revelado pelo Espírito Santo, que é o selo da justificação (Lucas 17:20,21). Ou seja, para ser um cidadão deste Reino é necessário nascer de novo e receber a graça de Deus, por meio da fé. Para entrar no Reino dos céus é necessário ser como criança.
Para isso, devemos ter um coração purificado pelo sacrifício de Jesus na cruz, não é mérito humano. É exclusivamente a manifestação da graça de Deus.
Jesus traçou o perfil do cidadão do Reino dos céus no Sermão da montanha (Ver Estudo Sobre as Bem-aventuranças). Ele destaca que o nosso interior e as nossas atitudes são elementos fundamentais na manifestação do domínio de Deus em nossas vidas.
O Reino de Deus na Terra
O Senhor Jesus embora sendo Deus, veio em carne e nos revelou de forma perfeita, quem Deus é. Ele começou o seu ministério dizendo que o tempo determinado, havia chegado. E por isso, exortava a todos ao arrependimento (Marcos 1:15). Ou seja, Cristo inaugurou o Reino de Deus na Terra.
Como rei e senhor do reino, ele mesmo veio anunciar a redenção. Portanto, o Reino dos céus entre nós se manifesta com a vinda de Jesus e a manifestação do poder de Deus por intermédio dele.
Uma outra evidência da manifestação desse reino, são os contínuos desajustes da humanidade e da natureza. Guerras, epidemias, doenças, ganância, distúrbios na sexualidade. São elementos que asseguram, cada vez mais a manifestação definitiva do reino (Lucas 21.31).
O Reino Não é Comida
O apóstolo Paulo descreve de forma fantástica, quais são as características do Reino de Deus: justiça, paz, e alegria (Romanos 14:17).
Enquanto os imperadores e autoridades romanas eram reverenciados com banquetes diversos e fabulosos, ostentando poder e riqueza, o Reino dos céus se revela muito mais relevante.
Assim como os seus cidadãos, o reino possui características de caráter que o tornam um lugar melhor do que nos nossos sonhos. Elas são desenvolvidas dentro de cada um dos santos pelos dons do Espírito Santo.
A justiça descrita por Paulo é, além de retidão e pureza de caráter, a manifestação da justiça graciosa de Deus para com os herdeiros do reino. Ou seja, os cidadãos do Reino de Deus embora sejam pessoas justas, são antes de tudo justificados pela graça do Rei.
A paz que há no Reino dos céus é fruto do senhorio de Cristo e da regeneração dos cidadãos do reino. Há paz no íntimo dos remidos, logo há paz no reino. Seus cidadãos não são movidos pela ganância, poder nem ansiedade.
A alegria é igualmente produzida em cada cidadão deste domínio, como resultado da atuação do Espírito Santo que governa o Reino dos céus.
Não é uma alegria circunstancial. Ela é fruto do relacionamento dos súditos com o rei Jesus. Essa alegria é permanente, quero dizer, mesmo em meio as mais duras lutas, a alegria permanece sendo manifestada na esperança (Atos 5:41).
O Que Significa Reino de Deus Para os Cristãos?
Para nós cristãos, o Reino de Deus significa ‘Lar’. É a nossa casa. Na Terra somos peregrinos e forasteiros (I Pedro 2.11), somos errantes como os hebreus no deserto em direção a Canaã. O Reino dos céus para os cristãos é esperança. Não como Papai Noel, branca de neve ou Harry Potter. É algo real! (Ver João 14.1-3)
Para os cristãos é uma realidade futura e uma realidade presente (Tito 2:13).
Existem pessoas que creem que a declaração de Cristo “Meu reino não é deste mundo” (Jo 18.36b) significa que o reino de Deus está estreitamente confinado a coisas como céu, o indivíduo, e/ou a igreja; como tal, o reino de Cristo não tem nada a ver com os reinos deste mundo.
Mas essa visão têm vários problemas.
Primeiro, não existe razão para insistir que “deste mundo” signifique “nada a ver com o mundo”. Os discípulos de Cristo estão no mundo, mas “não são do mundo” (João 15.19b).
Dessa forma, “o mundo” em João 15 não exclui os discípulos de Cristo de estarem envolvidos com o mundo.
Nem significa que eles não devem trabalhar, pela graça de Deus, para transformar o mundo — e de fato, a Grande Comissão requer que os discípulos de Cristo tentem fazer exatamente isso (Mt 28.18-20).
Segundo, embora o reino de Cristo não seja deste mundo, ele está sobre este mundo: “O SENHOR tem estabelecido o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo” (Salmos 103.19) (ênfase minha). Cristo, dessa forma, é Rei sobre o mundo (1Tm 6.15; cf. Ef 1.20-22).
O mesmo Cristo que disse a Pilatos “Meu reino não é deste mundo” (Jo 18.36b) também disse a Pilatos “Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado” (João 19.11b). O reino dos homens está subordinado ao reino de Deus:
Esta sentença é por decreto dos vigias, e esta ordem por mandado dos santos, a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer, e até ao mais humilde dos homens constitui sobre ele. (Daniel 4.17)
A Grande Comissão reconhece que o reino de Cristo é sobre o mundo: “É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28.18).
É porque os reinos terrenos estão subordinados ao reino de Deus, e por isso devem se submeter a este, que Pilatos pecou em seu tratamento para com Jesus. Como Jesus disse a Pilatos em João 19.11c, “Mas aquele que me entregou a ti maior pecado tem”.
Havia um pecado maior que o de Pilatos, mas a despeito disso Pilatos havia pecado.
Por outro lado, se o reino de Deus não tem nada a ver com este mundo, então os reinos terrenos não teriam nenhuma responsabilidade moral diante de Deus, e portanto Pilatos não teria pecado.
Terceiro, “deste mundo” tem a ver com fonte de poder.
“O reino de Cristo não deriva a sua origem do mundo” — assim, o reino de Cristo não é deste mundo no sentido que ele não existe a partir do mundo.
De fato, o mesmo versículo que diz “Meu reino não é deste mundo” continua para dizer a mesma coisa — “mas o meu reino não é daqui” (Jo 18.36d).
“Pelo contrário, o seu reino foi lhe dado por seu Pai (Dn 7,14)”, e portanto, Deus tem tudo a ver com governo civil.
Quarto, em João 18.36 também lemos: “Se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus”.
Alguns interpretam isso como significando que os governantes não podem usar a espada para fazer cumprir as leis civis de Deus.
Mas devemos rejeitar isso de pronto, visto que os governantes são obrigados a usar a espada para punir os malfeitores de acordo com as exigências de Deus (Rm 13.4).
É verdade que os servos de Cristo “não ‘pelejam’ para estabelecer o Seu reino, ou mesmo para espalhar o Seu reino sobre a terra”.
O reino de Cristo avança “pelo Espírito Santo regenerando pecadores à medida que o evangelho é proclamado: ‘Não por força, mas pelo meu Espírito’, diz o Senhor dos Exércitos’ (Zc 4.6)”.
“Isso, contudo, não significa que o Estado não deve proteger o reino de Cristo de ataques, pois os magistrados civis devem garantir que o povo de Deus possa viver ‘uma vida quieta e sossegada, em toda piedade e honestidade’ (1Tm 2.2)”.
Observemos a razão que Jesus dá para dizer que os seus servos pelejariam se o Seu reino fosse deste mundo: “Se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus” (ênfase minha).
Nada há nessa razão que se oponha a fazer cumprir a lei civil bíblica, visto que fazer cumprir a lei civil bíblica e impedir Jesus de ser entregue aos judeus são dois conceitos inteiramente diferentes.
Em outras palavras, o uso da espada pelos servos de Jesus para impedir que Jesus fosse entregue aos seus inimigos e o uso da espada pelo Estado para reforçar a justiça de Deus não são a mesma coisa.
Talvez a razão pela qual Cristo conecta um reino terreno com os Seus servos lutando para impedi-lo de ser entregue aos judeus é que se ele fosse um mero rei terreno, e seus inimigos o destruíssem, o seu reino cessaria de existir.
O único recurso seria os seus servos lutarem, para protegerem o seu rei e o seu reino. Mas Cristo não é um mero rei terreno; sendo Deus, ele governa sobre todos.
Ele ser entregue aos judeus era parte do plano soberano de Deus, e dessa forma os inimigos de Cristo não podiam fazer nenhum dano ao Seu reino.
Assim, não havia necessidade dos servos de Cristo lutarem para impedi-lo de ser entregue aos judeus.
Devemos adicionar que tivesse os discípulos de Cristo impedido a sua crucificação com uma revolta armada, de modo algum haveria qualquer base para o aspecto-igreja do reino avançar, visto que o avanço desse reino depende da obra salvadora de Cristo.
Quinto, aqueles que consistentemente enfatizam a ideia de que os cristãos nunca deveriam ter algo a ver com a espada devem ser pacifistas em toda situação concebível.
Isso significaria o absurdo de não haver qualquer base moral para os cristãos se envolverem com o governo civil, guerra justa, autodefesa, e defesa de outros.
Sexto, e finalmente, não esqueçamos a Oração do Senhor, que menciona “Pai Nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome.
Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.9b-10).
Dessa forma, os cristãos devem desejar ver que todos os homens na terra – o que inclui os governantes civis – reconheçam e se submetam ao Reino de Deus.
Assim, sustentar que o reino de Cristo não tem nada a ver com os reinos deste mundo é negar a própria Oração do Senhor.
Conclusão
O Reino dos céus é a manifestação do poder de Deus, revelado por Jesus. É um reino que se manifesta de forma gradativa a humanidade. Está em constante crescimento.
Ao revelá-lo, o Senhor Jesus, desejou que ele se manifestasse aqui na Terra assim como no céu (Mateus 6.10). Ou seja, o desejo do Senhor é que sejamos completamente restaurados e que vivamos de forma justa e limpa diante de Deus.
É um lugar onde há justiça, paz e alegria de forma constante, abundante. Isso porque é algo que flui do rei para os cidadãos do reino.
Essa comunicação é feita pelo Espírito Santo, que a todos ministra.