Josué 20.1- Disse mais o SENHOR a Josué: 2- Fala aos filhos de Israel: Apartai para vós outros as cidades de refúgio de que vos falei por intermédio de Moisés; 3- para que fuja para ali o homicida que, por engano, matar alguma pessoa sem o querer; para que vos sirvam de refúgio contra o vingador do sangue. 4- E, fugindo para alguma dessas cidades, pôr-se-á à porta dela e exporá o seu caso perante os ouvidos dos anciãos da tal cidade; então, o tomarão consigo na cidade e lhe darão lugar, para que habite com eles. 5- Se o vingador do sangue o perseguir, não lhe entregarão nas mãos o homicida, porquanto feriu a seu próximo sem querer e não o aborrecia dantes. 6- Habitará, pois, na mesma cidade até que compareça em juízo perante a congregação, até que morra o sumo sacerdote que for naqueles dias; então, tornará o homicida e voltará à sua cidade e à sua casa, à cidade de onde fugiu. 7- Designaram, pois, solenemente, Quedes, na Galiléia, na região montanhosa de Naftali, e Siquém, na região montanhosa de Efraim, e Quiriate-Arba, ou seja, Hebrom, na região montanhosa de Judá. 8- Dalém do Jordão, na altura de Jericó, para o oriente, designaram Bezer, no deserto, no planalto da tribo de Rúben; e Ramote, em Gileade, da tribo de Gade; e Golã, em Basã, da tribo de Manassés. 9- São estas as cidades que foram designadas para todos os filhos de Israel e para o estrangeiro que habitava entre eles; para que se refugiasse nelas todo aquele que, por engano, matasse alguma pessoa, para que não morresse às mãos do vingador do sangue, até comparecer perante a congregação.
ILUSTRAÇÃO: Havia um homem que estava preso há muitos anos por ter cometido um crime e isso causou um grande transtorno para sua família. Já arrependido, dias antes de ser solto enviou uma carta à sua família dizendo que estava saindo da prisão, mas estava com medo de a esposa e os filhos não o terem perdoado pelos seus erros do passado. Na carta ele disse que iria pegar um ônibus para casa e pediu para que, se sua família já o tivesse perdoado eles colocassem um lenço branco amarrado no galho da árvore que ficava em frente à sua casa. Se ele, de dentro do ônibus visse o lenço branco na árvore, então desceria do ônibus e iria para casa, contudo se não houvesse nada pendurado ele não iria incomodá-los e passaria direto para tentar recomeçar sua vida em outro lugar. Desde a hora em que esse homem recebeu a sua liberação do presídio o seu coração entrou em sobressalto. Será que teria um lenço na árvore? E se não tivesse nada, como seria? O que ele faria e onde recomeçaria sua vida? Como lidaria com a saudade da mulher e dos filhos que estava o matando? A vida daquele homem dependia de um pequeno pedaço de pano branco dependurado em uma árvore. No decurso da viagem seu coração estava profundamente apreensivo e quanto mais ia se aproximando uma angústia ia tomando conta do seu coração na expectativa de encontrar aquele lenço. Quando finalmente o ônibus chegou perto da esquina de sua casa aquele homem não agüentou e começou a chorar copiosamente, tamanha a angústia e expectativa…
E é exatamente sobre esses momentos de angústia e expectativa que cada um de nós enfrenta quando nos sentimos acuados ou pressionados pelos nossos erros que quero tratar hoje.
No texto lido de Josué nós vemos Deus instituindo Cidades de refúgio para os que fossem encontrados culpados de um crime não intencional. Para aqueles que pecaram, como nós o fazemos, mas que não tinham a intenção de que o seu pecado causasse tamanho dano.
O livro de Josué compreende cerca de 20 anos da história do povo de Israel sob a liderança de Josué, sucessor de Moisés.
Nele encontramos a narrativa da conquista da tão sonhada Canaã pelo povo que estava sem pátria até então.
O povo que já havia enfrentado o deserto por 40 anos agora se encontra lutando para conquistar a Terra Prometida; e, uma vez de posse dessa Terra, Josué passa a distribuí-la entre as 12 tribos de Israel para que cada uma delas se estabeleça em sua determinada região.
O povo estava aprendendo a viver em comunidade, com padrões e leis próprias. Tanto em Êxodo, quanto em Números e Deuteronômio, encontramos Deus, por intermédio de Moisés designando leis para adoração ao Senhor e para o relacionamento mútuo.
E nesse momento, Josué, em obediência à lei que Moisés recebera do Senhor, estabelece as cidades de refúgio, o que nos leva a perceber a preocupação do Senhor com o seu povo, que apesar de pecador, ainda é o seu povo amado e eleito por Ele.
As cidades de refúgio representavam, em linguagem jurídica hodierna, um “habeas corpus” a favor do criminoso involuntário.
Se observarmos o verso 9 do texto lido, já veremos a manifestação da Graça do Senhor no ato da designação das cidades de refúgio. (… foram designadas para todos os filhos de Israel e para o estrangeiro que habitava entre eles; para que se refugiasse nelas todo aquele que, por engano, matasse alguma pessoa, para que não morresse às mãos do vingador do sangue, até comparecer perante a congregação.)
Essa realidade aponta claramente para a intenção de Deus de que haja restauração para o que se quebrou.
O nosso Deus é assim. Ele não despedaça o caniço rachado (Isaías 42:3 – Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega; em verdade, promulgará o direito.)
Veja bem as cidades de refúgio não eram para a impunidade, mas sim para a misericórdia. Não era para que o criminoso obstinado encontrasse liberdade para continuar na sua vida de crimes, mas para o pecador arrependido que precisava de proteção e restauração.
Assim como Ele providenciou cidades de refúgio no Antigo Testamento, Ele também providenciou o Ministério de Cristo Jesus em nosso favor. Jesus é o lugar estabelecido pelo Pai onde nós nos refugiamos para nos livrarmos dos nossos pecados. Ele é a nossa Cidade de Refúgio.
Jesus é a nossa Cidade de Refúgio.
1o) Em Cristo Jesus há misericórdia para o pecador arrependido:
(Vv.1-4: 1- Disse mais o SENHOR a Josué: 2- Fala aos filhos de Israel: Apartai para vós outros as cidades de refúgio de que vos falei por intermédio de Moisés; 3- para que fuja para ali o homicida que, por engano, matar alguma pessoa sem o querer; para que vos sirvam de refúgio contra o vingador do sangue. 4- E, fugindo para alguma dessas cidades, pôr-se-á à porta dela e exporá o seu caso perante os ouvidos dos anciãos da tal cidade; então, o tomarão consigo na cidade e lhe darão lugar, para que habite com eles.)
Nos versos 7 e 8 vemos que foram estabelecidas 6 cidades de refúgio espalhadas em pontos estratégicos por toda a extensão da Terra Prometida para que todos tivessem a oportunidade de encontrar refúgio próximo na hora da necessidade. (7- Designaram, pois, solenemente, Quedes, na Galiléia, na região montanhosa de Naftali, e Siquém, na região montanhosa de Efraim, e Quiriate-Arba, ou seja, Hebrom, na região montanhosa de Judá. 8- Dalém do Jordão, na altura de Jericó, para o oriente, designaram Bezer, no deserto, no planalto da tribo de Rúben; e Ramote, em Gileade, da tribo de Gade; e Golã, em Basã, da tribo de Manassés.)
Esse estabelecimento tem como base a justiça e a misericórdia de Deus. (Justiça porque o pecador é culpado dos seus pecados e misericórdia por ele não receber a pena que lhe era devida.)
Nenhum de nós está livre de cometer erros e pecar involuntariamente. A Palavra declara que todos pecamos e carecemos da Glória de Deus. (Rm.3:23 – … pois todos pecaram e carecem da glória de Deus.)
Assim como as cidades de refúgio manifestavam a misericórdia de Deus para com Israel, Jesus é a nossa cidade de refúgio nos dias de hoje.
A Bíblia nos diz em Rm.5:7-9: “7- Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer. 8- Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. 9- Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.”
Cristo deu a sua vida por nós. N’Ele encontramos refúgio e salvação. D’Ele recebemos a plenitude de Deus, graça sobre graça. (Jo.1:16 – Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça.)
O próprio Jesus nos convida hoje a irmos a Ele (Mt.11:28-30 – 28- Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. 29- Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. 30- Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.).
A Palavra nos mostra que quando entregamos nossa vida a Cristo, quando nos refugiamos n’Ele os nossos pecados são mais que perdoados, são esquecidos no passado. (Hb.8:12 – Pois, para com as suas iniqüidades, usarei de misericórdia e dos seus pecados jamais me lembrarei.)
Não importa qual seja a intensidade do nosso erro. A graça de Deus sempre é maior. As cidades de refúgio demonstram isso. Até para os que cometeram homicídios – e aqui poderíamos aplicar àqueles que têm a ficha do coração carregada com a morte de muitos no seu interior. “… Onde abundou o pecado, superabundou a Graça.” (Rm.5:20)
2o) Em Cristo Jesus há segurança de salvação: (V.5)
Quando Deus retirou Israel do Egito, levando-o para Canaã, estabeleceu leis que regulassem as relações ente Israel e o Altíssimo, e deles entre si. Dentre estas leis estava a chamada “Lei de Talião”, pela qual se vingava o delito infligindo ao culpado o mesmo mal que ele praticara. (Ex.21:23-25 – 23- Mas, se houver dano grave, então, darás vida por vida, 24- olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, 25- queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, golpe por golpe.) – Declarações semelhantes são encontradas no código de Hamurábi (c. 1750 a.C.)
Mas o que fazer com aquele que matou por acidente, sem intenção? Morreria como um homicida qualquer?
As cidades de refúgio instituídas por expressa ordem de Deus, representavam para o homicida perseguido e fugitivo, segurança e descanso ao mesmo tempo. Tomando-se assim, uma figura expressiva de Cristo nosso Salvador.
O texto de Josué 20:5 declara que: Se o vingador do sangue o perseguir, não lhe entregarão nas mãos o homicida, porquanto feriu a seu próximo sem querer e não o aborrecia dantes.
As cidades da época eram como pequenas fortalezas rodeadas por uma forte muralha que lhes dava proteção. Como se fossem grandes castelos.
Jesus é a nossa cidade de refúgio onde temos segurança, uma vez que nos achegamos a Ele jamais seremos desamparados e lançados para fora. (Jo.6:37 – Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora.)
Não há possibilidades de que Jesus deixe de nos proteger. Ninguém pode nos arrebatar de suas mãos. (Jo.10:27-28 – 27- As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. 28- Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão.) – O nome disso é segurança. Não depende de nós, mas daquele em quem nós estamos seguros.
Essa é a segurança que temos em Cristo: Mesmo se formos infiéis Ele permanece fiel. (2Tm.2:13 – … se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo.)
3o) Em Cristo Jesus há restauração:
(V.6: Habitará, pois, na mesma cidade até que compareça em juízo perante a congregação, até que morra o sumo sacerdote que for naqueles dias; então, tornará o homicida e voltará à sua cidade e à sua casa, à cidade de onde fugiu.)
Assim como as cidades de refúgio eram o lugar para que o pecador tivesse condições de se restabelecer até que fosse julgado, assim Jesus nos proporciona refúgio até o Dia do Senhor.
Lembrando que as cidades de refúgio não promoviam a injustiça, antes guardavam o direito de que o acusado pudesse provar que seu erro não foi intencional.
No nosso caso, somos culpados do nosso pecado em todas as instâncias. Mas Cristo nos reconciliou com Deus pelo seu sacrifício na cruz do Calvário, e não somente isso, mas também nos deu o mesmo ministério para que alcancemos outros pelo poder da sua Palavra. (2Co.5:18-21 – 18- Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, 19- a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. 20- De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus. 21- Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.)
Igreja, nossa Cidade de Refúgio
Hoje temos paz com Deus (Rm.5:1), pois fomos justificados em Cristo. Ele, que não conheceu pecado, foi feito pecado por nós (2Co.5:21). Jesus é o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo.1:29). Ele satisfez toda a justiça de Deus e nos reconciliou pela Graça.
Hoje fomos completamente restaurados à comunhão com o Pai e fomos feitos família de Deus. (Ef.2:18-19 – 18- porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito. 19- Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus.)
Fomos feitos filhos de Deus por intermédio da fé em Cristo Jesus. (Jo.1:12 – Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome.)
Como Igreja e Corpo de Cristo devemos ser verdadeiras Cidades de Refúgio onde o que é fugitivo seja restaurado.
Conclusão:
Amados, assim como nos dias de Josué foram estabelecidas cidades de refúgio para os que eram culpados involuntariamente o Pai nos proporcionou o mesmo em Cristo Jesus.
Em Cristo Jesus:
– Há misericórdia para o pecador arrependido;
– Há segurança de salvação;
– Há restauração para o quebrantado.
FINAL DA ILUSTRAÇÃO: Com respeito ao homem que voltava da prisão para o seu lar na expectativa de ser aceito… Quando o ônibus virou a esquina, ele viu que, ao invés de um lenço amarrado na árvore de sua casa, havia um incontável número de lençóis brancos dependurados em todas as árvores da rua!
Em Cristo Jesus. A quem seja toda a Glória, Honra e Louvor por toda a eternidade. Amém.