Que são anjos?
Podemos definir anjos da seguinte maneira: Anjos são seres espirituais criados com juízo moral e alta inteligência, mas sem corpos físicos.
1. Seres espirituais criados.
Os anjos não existem desde sempre; eles são parte do universo que Deus criou. Em uma passagem que se refere aos anjos como o “exército” dos céus, Esdras diz: “Só tu és o SENHOR. Fizeste os céus, e os mais altos céus, e tudo o que neles há, a terra e tudo o que nela existe, os mares e tudo o que neles existe. Tu deste vida a todos os seres, e os exércitos dos céus te adoram” (Ne 9.6; cf. Sl 148.2,5). Paulo nos diz que Deus criou todas as coisas “visíveis e invisíveis” por meio de Cristo e para ele, e a seguir inclui especificamente o mundo angélico com a frase “sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades” (Cl 1.16).
Os anjos exercem juízo moral, como podemos perceber pelo fato de que alguns deles pecaram e caíram de seu estado original (2Pe 2.4; Jd 6) . Sua alta inteligência é vista por toda a Escritura à medida que eles falam com as pessoas (Mt 28.5; At 12.6-11; etc.) e cantam louvores a Deus (Ap 4.11; 5.11).
Como os anjos são “espíritos” (Hb 1.14), ou criaturas espirituais, efetivamente eles não possuem corpos físicos (em Lucas 24.39, Jesus diz: “um espírito não tem carne nem ossos, como vocês estão vendo que eu tenho”). Portanto, normalmente eles não podem ser vistos por nós a menos que Deus nos dê a capacidade espiritual para vê-los (Nm 22.3 1; 2Rs 6.17; Lc 2.13). Em suas atividades ordinárias de nos guardar e nos proteger (Sl 34.7; 91.11; Hb 1.14), bem como de se juntar conosco para a adoração de Deus (Hb 12.22), eles são invisíveis. Contudo, em certas ocasiões anjos tomaram forma corporal para aparecer a várias pessoas na Escritura (Mt 28.5; Hb 13.2).
2. Outros nomes para os anjos.
A Escritura às vezes usa outros termos para os anjos, como “filhos de Deus” ( Jó 1.6; 2.1); “santos” (Sl 89.5,7); “espíritos” (Hb 1.14),”sentinelas” (Dn 4.13,17,23), “tronos”, “soberanias”, “poderes”, “autoridades” (Cl 1.16) e”governos”(Ef 1.21).
3. Outras espécies de seres celestiais.
Existem outros três tipos específicos de seres celestiais mencionados na Escritura. Tanto se pensarmos neles como tipos especiais de “anjos” (no sentido mais amplo do termo) ou como seres celestiais distintos dos anjos, eles são de qualquer forma seres espirituais criados que servem e adoram a Deus.
a. Os “Querubins”.
Aos querubins foi dada a tarefa de guardar a entrada do Jardim do Éden (Gn 3.24), e é dito que o próprio Deus está entronizado entre os querubins ou que viaja com os querubins como sua carruagem (Sl 18.10; Ez 10.1-22). Sobre a arca da aliança no AT estavam duas figuras douradas de querubins com suas asas estendidas acima da arca, e foi ali que Deus prometeu vir morar entre o seu povo: “Ali, sobre a tampa, no meio dos dois querubins que se encontram sobre a arca da aliança, eu me encontrarei com você e lhe darei todos os meus mandamentos destinados aos israelitas” (Êx 25.22; cf. v. 18-21).
b. Os “Serafins”.
Outro grupo de seres celestiais, os Serafins, é mencionado somente em Isaías 6.2-7, onde eles continuamente adoram ao Senhor e dizem uns aos outros: “Santo, santo, santo é O SENHOR dos Exércitos, a terra inteira está cheia da sua glória” (Is 6.3)
c. Os seres viventes.
Tanto Ezequiel como Apocalipse falam-nos de outras espécies de seres celestiais conhecidos por “seres viventes” ao redor do trono de Deus (Ez 1.5-14; Ap 4.6-8). Parecidos com um leão , um boi , um homem e uma águia , são os representantes mais poderosos das várias partes da totalidade da criação de Deus (animais selvagens, animais domesticados, seres humanos e pássaros) e adoram a Deus continuamente: “Santo, santo, santo é o Senhor, o Deus todo-poderoso, que era, que é e que há de vir” (Ap 4.8).
4. Posição e ordem entre os anjos.
A Escritura indica que há uma hierarquia e ordem entre os anjos. Um anjo, Miguel, é chamado “arcanjo ” em Judas 9 , título que indica governo ou autoridade sobre outros anjos. Ele é chamado “um dos príncipes supremos” em Daniel 10.13. Miguel também parece ser o líder do exército angelical: “Houve então uma guerra nos céus. Miguel e seus anjos lutaram contra o dragão, e o dragão e os seus anjos revidaram. Mas estes não foram suficientemente fortes, e assim perderam o seu lugar nos céus” (Ap 12.7,8). E Paulo diz-nos que o Senhor retornará do céu “dada a ordem, com a voz do arcanjo” (lTs 4.16). Se essa menção se refere a Miguel, o único arcanjo mencionado, ou se há outros arcanjos, a Escritura não nos diz.
5. As pessoas possuem anjo da guarda pessoal?
A Escritura menciona claramente que Deus envia os seus anjos para a nossa proteção: “Porque a seus anjos ele dará ordens a seu respeito, para que o protejam em todos os seus caminhos; com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra” (Sl 91.11,12). Mas algumas pessoas vão além dessa idéia de proteção geral e pensam que Deus dá um “anjo da guarda” específico para cada indivíduo no mundo, ou ao menos para cada cristão. As palavras de Jesus a respeito dos pequeninos têm servido de apoio para essa idéia: “Pois eu lhes digo que os anjos deles nos céus estão sempre vendo a face de meu Pai celeste” (Mt 18.10). Contudo, nosso Senhor pode estar dizendo que os anjos designados para a tarefa de proteger as criancinhas têm pronto acesso à presença de Deus. (Para usar uma analogia esportiva, os anjos podem valer-se da marcação “por zona” em vez da marcação “homem a homem”.) Quando os discípulos em Atos 12.15 dizem que o “anjo” de Pedro devia estar batendo à porta, isso não implica necessariamente na crença do anjo da guarda individual. Poderia ser que um anjo estivesse guardando ou tomando conta de Pedro naquela situação específica. Parece não haver, entretanto, qualquer apoio convincente para a idéia de “anjos da guarda” individuais no texto da Escritura. Mas cremos que os anjos em geral têm a tarefa de proteger o povo de Deus.
6. O poder dos anjos.
Aparentemente os anjos têm poder muito grande. Eles são chamados “anjos poderosos, que obedecem à sua palavra” (Sl 103.20),”governo” (Ef 1.21) e ainda “poderes” e “autoridades” (Cl 1.16). Os anjos são aparentemente “maiores em força e poder” que os seres humanos rebeldes (2Pe 2.11; cf. Mt 28.2). Ao menos durante o tempo de sua existência terrena, a raça humana foi feita “um pouco menor do que os anjos” (Hb 2.7). Embora o poder dos anjos seja grande, ele não é certamente infinito, mas é usado para batalhar contra os poderes demoníacos do mal que estão sob o controle de Satanás (Dn 10.13; Ap 12.7,8; 20.1-3). Não obstante, quando o Senhor retornar, seremos elevados à posição mais alta que a dos anjos (lCo 6.3).
B. O lugar dos anjos no propósito de Deus
1. Os anjos mostram a grandeza do plano de Deus e de seu amor por nós.
Os seres humanos e os anjos são as únicas criaturas morais e altamente inteligentes que Deus criou. Portanto, podemos entender muita coisa a respeito do plano de Deus e de seu amor por nós quando nos comparamos com os anjos.
A primeira distinção a ser observada é que nunca é mencionado que os anjos foram criados a imagem de Deus, ao passo que diversas vezes é dito que os seres humanos foram criados à imagem de Deus (Gn 1.26,27; 9.6). Já que ser criado à imagem de Deus significa ser igual a Deus, parece justo concluir que somos mais parecidos com Deus que os anjos.
Isso é apoiado pelo fato de que Deus algum dia nos dará autoridade sobre os anjos, para julgá-los: “Vocês não sabem que haveremos de julgar os anjos?” (1 Co 6.3). Embora o ser humano tenha sido feito “um pouco menor do que os anjos” (Hb 2.7), quando a nossa salvação se completar seremos exaltados acima dos anjos e dominaremos sobre eles. De fato, mesmo agora os anjos já nos servem: “Os anjos não são, todos eles, espíritos ministradores enviados para servir aqueles que hão de herdar a salvação?” (Hb 1.14).
A capacidade dos seres humanos de gerar filhos iguais a si mesmos (“Adão gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem” Gn 5.3) é outro elemento de nossa superioridade sobre os anjos, que certamente não podem gerar filhos (cf. Mt 22.30; Lc 20.34-36).
A existência dos anjos também demonstra a grandeza do amor de Deus por nós, porque os anjos pecaram e nunca foram salvos. Pedro nos diz que “Deus não poupou anjos que pecaram, mas os lançou no inferno, prendendo-os em abismos tenebrosos a fim de serem reservados para o juízo” (2Pe 2.4). Judas diz que “quanto aos anjos que não conservaram suas posições de autoridade mas abandonaram sua própria morada, ele os tem guardado em trevas, presos com correntes eternas para o juízo do grande Dia” (Jd 6). E lemos em Hebreus: “Pois é claro que não é a anjos que ele ajuda, mas aos descendentes de Abraão” (Hb 2.16).
Vemos, portanto, que Deus criou dois grupos de criaturas morais inteligentes. Entre os anjos, muitos pecaram, mas Deus decidiu não remir nenhum deles. Foi perfeitamente justo Deus agir assim, e nenhum anjo pode jamais reclamar de ter sido tratado injustamente por Deus. Contudo, embora todos os seres humanos tenham pecado contra Deus e se apartado dele, Deus decidiu fazer muito mais que meramente satisfazer as demandas da sua justiça; ele decidiu salvar alguns seres humanos pecadores. De fato, ele decidiu redimir uma grande multidão da raça pecaminosa, que homem nenhum pode contar, “de toda tribo, língua, povo e nação” (Ap 5.9). Esse é um ato de amor e misericórdia incalculáveis, muito além de nossa compreensão. Tudo isso é favor imerecido; tudo isso é graça. O contraste notável com o destino dos anjos deixa clara essa verdade para nós.
2. Os anjos são prova de que o mundo invisível é real.
Exatamente como nos dias de Jesus os saduceus diziam que não havia ”ressurreição nem anjos nem espíritos” (At 23.8), muitas pessoas em nossos dias negam a realidade de qualquer coisa que não se possa ver. Mas o ensino bíblico sobre a existência dos anjos é a lembrança constante para nós de que há o mundo invisível que é muito real. Foi somente quando o Senhor abriu os olhos do servo de Eliseu para a realidade desse mundo invisível que o servo viu “as colinas cheias de cavalos e carros de fogo ao redor de Eliseu” (2Rs 6.17; esse era um grande exército angelical enviado a Dotã para proteger Eliseu dos arameus). O salmista também mostra a consciência do mundo invisível quando encoraja os anjos: “Louvem-no todos os seus anjos, louvem-no todos os seus exércitos celestiais” (Sl 148.2). O autor de Hebreus nos lembra de que, quando adoramos, vamos à Jerusalém celeste para nos reunir “aos milhares de milhares de anjos em alegre reunião” (Hb 12.22), a quem não vemos, mas cuja presença nos encherá de temor e alegria. O mundo incrédulo pode desprezar o tema dos anjos, considerando-os mera superstição, mas a Escritura oferece essas afirmações como a percepção da realidade tal qual ela é.
3. Os anjos são exemplos para nós.
Tanto na obediência como na adoração, os anjos proporcionam exemplos úteis para que os imitemos. Jesus nos ensina a orar: “ Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.10). No céu a vontade de Deus é feita pelos anjos imediatamente, com alegria e sem qualquer questionamento. Devemos orar todos os dias para que a nossa obediência e a obediência dos outros seja igual à dos anjos no céu. O prazer deles é ser servos humildes de Deus, cada um realizando a tarefa, grande ou pequena, que lhe foi designada, com fidelidade e alegria. Nosso desejo e oração devem ser para que nós e todos os demais na terra façamos o mesmo.
Os anjos também servem como exemplo para nós na sua adoração a Deus. Os serafins perante o trono de Deus vêem Deus em sua santidade e continuam a clamar: “Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos, a terra inteira está cheia da sua glória” (Is 6.3). João vê ao redor do trono de Deus um grande exército angelical: “Então olhei e ouvi a voz de muitos anjos, milhares de milhares e milhões de milhões. Eles rodeavam o trono, bem como os seres viventes e os anciãos, e cantavam em alta voz: ‘Digno é o Cordeiro que foi morto de receber poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor!”’ (Ap 5.11,12). Como os anjos encontram a sua mais alta alegria em louvar a Deus continuamente, não deveríamos também nos deleitar cada dia no cântico de louvor a Deus, considerando esse o mais alto e o mais digno uso de nosso tempo e nossa maior alegria?
4. Os anjos executam alguns dos planos de Deus .
A Escritura vê os anjos como servos de Deus que executam alguns de seus planos na terra. Eles trazem as mensagens de Deus às pessoas (Lc 1.11-19; At 8.26; 10.3-8,22; 27.23,24). Eles executam alguns dos juízos, trazendo pragas sobre Israel (2Sm 24.16,17), ferindo os líderes do exército assírio (2Cr 32.21), trazendo a morte ao rei Herodes porque ele não dera glória a Deus (At 12.23), ou derramando as taças da ira de Deus sobre a terra (Ap 16.1). Quando Cristo retornar, os anjos virão com ele como um grande exército acompanhando o seu Rei e Senhor (Mt 16.27; Lc 9.26; 2Ts 1.7).
Os anjos também patrulham a terra como representantes de Deus (Zc 1.10,11) e guerreiam contra as forças demoníacas (Dn l0.13;Ap 12.7,8). João,em sua visão, viu um anjo descendo do céu, e ele registra que o anjo “prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo, Satanás, e o acorrentou por mil anos” (Ap 20.2,3). Quando Cristo retornar, um arcanjo proclamará a sua vinda (lTs 4.16; cf.Ap 18.1,2,21; 19.17,18; etc.).
5. Os anjos glorificam a Deus diretamente.
Os anjos também servem em outra função: eles ministram diretamente a Deus ao glorificá-lo. Assim, em adição aos seres humanos, há outras criaturas morais inteligentes que glorificam a Deus no universo.
Os anjos glorificam a Deus pelo que ele é em si mesmo, por sua excelência: “Bendigam o SENHOR, vocês, seus anjos poderosos, que obedecem à sua palavra” (SI 103.20; cf. 148.2).
Os serafins continuamente louvam a Deus por sua santidade (Is 6.2,3), assim como fazem os quatro seres viventes (Ap 4.8).
Os anjos também glorificam a Deus por seu grande plano de salvação à medida que o vêem revelado. Quando Cristo nasceu em Belém, uma multidão de anjos louvou a Deus dizendo: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens aos quais ele concede o seu favor” (Lc 2.14; cf. Hb 1.6) . Jesus nos diz: “há alegria na presença dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende”(Lc 15.10), indicando que os anjos se regozijam cada vez que alguém se volta de seus pecados e confia em Cristo como Salvador.
Quando Paulo proclama o evangelho de forma que pessoas de diversas origens raciais, judeus e gregos, sejam trazidas à igreja, ele vê o plano sábio de Deus para a igreja como demonstração diante dos anjos (e demônios): “A intenção dessa graça era que agora, mediante a igreja, a multiforme sabedoria de Deus se tornasse conhecida dos poderes e autoridades nas regiões celestiais” (Ef 3.10). Pedro nos diz que “os anjos anseiam observar” (lPe 1.12) as glórias do plano de salvação enquanto ele se realiza na vida dos crentes individuais cada dia. Além disso, o fato de que na adoração da igreja as mulheres devem “ter sobre a cabeça um sinal de autoridade” pelo fato delas serem mulheres e “por causa dos anjos” (1 Co 11.10), indica que os anjos testemunham a vida dos cristãos e glorificam a Deus por nossa adoração e obediência.
C. Nossa relação com os anjos
1. Devemos estar cônscios dos anjos na vida diária.
A Escritura deixa claro que Deus quer que estejamos conscientes da existência de anjos e da natureza de sua atividade. Não devemos, portanto supor que seu ensino a respeito dos anjos não diga respeito à nossa vida hoje. Ao contrário, há diversas formas pelas quais nossa vida cristã será enriquecida por termos consciência da existência e ministério dos anjos no mundo, mesmo nos dias presentes.
Quando comparecemos diante de Deus em adoração, não nos juntamos simplesmente à grande companhia dos crentes que morreram e estão na presença de Deus no céu, os “espíritos dos justos aperfeiçoados” , mas também à grande multidão de anjos, “milhares de milhares de anjos em alegre reunião” (Hb 12.22,23). Embora não vejamos nem ouçamos normalmente nada como evidência de sua adoração celestial, certamente enriquece nosso senso de reverência e alegria na presença de Deus apreciarmos o fato de que os anjos se juntam a nós na adoração de Deus.
Além disso, devemos estar cônscios de que os anjos observam nossa obediência ou desobediência a Deus durante o dia. Mesmo se pensamos que nossos pecados são cometidos em segredo e não trazem tristeza a ninguém (exceto, obviamente, ao próprio Deus), devemos ser alertados pelo pensamento de que talvez centenas de anjos testemunhem nossa desobediência e se entristeçam. Por outro lado, quando estamos desencorajados e pensamos que a nossa obediência fiel a Deus não é testemunhada por ninguém e não oferece encorajamento a ninguém, podemos ser confortados pela percepção de que talvez centenas de anjos testemunhem nossa luta solitária, diariamente “anelando perscrutar” o caminho da grande salvação de Cristo que encontra expressão em nossa vida.
Tentando tornar a realidade da observação angelical de nosso serviço a Deus ainda mais vívida, o autor de Hebreus sugere que os anjos podem algumas vezes tomar forma humana, aparentemente para fazer “visitas de inspeção”, algo parecido com um crítico de restaurante enviado por um jornal que se disfarça e visita um novo restaurante. Lemos o seguinte: “Não se esqueçam da hospitalidade; foi praticando-a que, sem o saber, alguns acolheram anjos” (Hb 13.2; cf. Gn 18.2-5; 19.1-3). Isso deve nos tornar mais desejosos de ministrar às necessidades de pessoas a quem não conhecemos. Pois nos maravilharia se algum dia, ao entrarmos no céu, encontrássemos o anjo a quem ajudamos quando apareceu temporariamente como um ser humano em miséria aqui na terra.
Quando somos repentinamente libertos de um perigo ou miséria, devemos suspeitar de que anjos enviados por Deu nos ajudam, e devemos ser agradecidos por isso. Um anjo fechou a boca dos leões de modo que eles não causaram nenhum dano a Daniel (Dn 6.22), um anjo ministrou a Jesus no deserto em tempo de grande fraqueza, imediatamente após o término de suas tentações (Mt 4.11), um anjo livrou os apóstolos da prisão (At 5.19,20) e, mais tarde, um anjo libertou Pedro da prisão (At 12.7.11). A Escritura não promete que “a seus anjos ele dará ordens a seu respeito, para que o protejam em todos os seus caminhos; com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra” (S1 91.11,12)? Portanto, não devemos agradecer a Deus por enviar anjos para nos protegerem tais circunstâncias? Parece certo responder positivamente a essa pergunta.
2. Cuidados com respeito ao nosso relacionamento com os anjos.
a. Precavenha-se para não receber doutrina falsa dos anjos.
A Bíblia nos adverte contra recebermos doutrina falsa de supostos anjos: “Mas ainda que nós ou um anjo dos céus pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado!” (Gl 1.8). Paulo faz essa advertência porque sabe que há possibilidade de engano. Ele diz: “Isto não é de admirar, pois o próprio Satanás se disfarça de anjo de luz” (2Co 1 1.14). De modo semelhante,o profeta mentiroso que enganou o homem de Deus em lReis 13 disse: “Eu também sou profeta como você. E um anjo me disse por ordem do SENHOR: ‘Faça-o voltar com você para a sua casa para que coma pão e beba água”'(lRs 13.18). Todavia, o texto da Escritura imediatamente acrescenta no mesmo versículo: “Mas ele estava mentindo”.
Esses são exemplos de doutrina ou orientação falsa sendo transmitida por anjos ou pessoas assegurando que anjos lhes falaram. É interessante que esses exemplos mostram a possibilidade clara de engano satânico tentando-nos a desobedecer aos ensinos claros da Escritura ou às ordens claras de Deus (cf. lRs 13.9). Essas advertências devem guardar qualquer cristão de ser enganado, por exemplo, pelos ensinos dos mórmons, que dizem que o anjo Moroni falou a Joseph Smith e lhe revelou a base da religião mórmon. Tal “revelação” é contrária aos ensinos da Escritura em muitos pontos (com respeito a doutrinas como a Trindade, a pessoa de Cristo, a justificação pela fé somente, e muitas outras), e os cristãos devem ser advertidos para não aceitar tais declarações.
b. Não adore anjos, não ore a eles nem os procure .
A ”adoração de anjos” (Cl 2.18) era uma das doutrinas falsas ensinadas em Colossos. Além disso, no livro de Apocalipse um anjo adverte João para que ele não o adore: “Não faça isso! Sou servo como você e como os seus irmãos que se mantêm fiéis ao testemunho de Jesus. Adore a Deus!” (Ap 19.10).
Nem devemos orar aos anjos. Devemos orar a Deus somente, o único que é onipotente e, assim, capaz de responder à oração e o único que é onisciente e, portanto, capaz de ouvir as orações de todo o seu povo de uma só vez. Paulo nos adverte contra o pensamento de que outro “mediador” possa estar entre nós e Deus: “Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus” (1Tm 2.5). Se oramos aos anjos, estamos implicitamente atribuindo-lhes posição igual à de Deus, o que não devemos fazer. Não há exemplo na Escritura de alguém orando a um anjo específico ou pedindo ajuda a anjos.
Além disso, a Escritura não nos autoriza a buscar aparições de anjos. Eles se manifestam a nós de forma que não os vemos. Buscar tais aparições parece indicar curiosidade doentia ou o desejo por uma espécie de evento espetacular em vez do amor a Deus e a devoção a ele e à sua obra. Embora os anjos tenham realmente aparecido em várias ocasiões na Escritura, com toda a certeza as pessoas a quem eles apareceram nunca procuraram essas aparições. Nosso papel é antes conversar com o Senhor, que é o próprio comandante das forças angelicais. Contudo, não parece errado pedir a Deus para cumprir a sua promessa em Salmos 91.11 de enviar anjos para proteger-nos em tempos de necessidade.
CONCLUSÃO
Apocalipse 22:8,9 – Eu, João, sou aquele que ouviu e viu estas coisas. Tendo-as ouvido e visto, caí aos pés do anjo que me mostrou tudo aquilo para mim, para adorá-lo.
Mas ele me disse: “Não faça isso! Sou servo como você e seus irmãos, os profetas, e como os que guardam as palavras deste livro. Adore a Deus!”
• Anjos são seres de serviço. Portanto, anjo trabalha, é servo.
Ap 19:10 – E eu lancei-me a seus pés para o adorar; mas ele disse-me: Olha não faças tal; sou teu conservo, e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus. Adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia.
Ap 22:9 – E disse-me: Olha, não faças tal; porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus.
1 – Identidade
• Os anjos foram criados por Deus. Portanto, eles não são auto existentes, nem autossuficientes, nem eternos, uma vez que eles foram criados.
• São imortais, mas, não eternos.
• Os anjos são seres espirituais, poderosos, numerosos.
• Eles não se casam, não se reproduzem, não morrem.
• São mencionados em toda a Bíblia; 108 vezes no Antigo Testamento, 175 no Novo Testamento; sendo, 72 das quais no apocalipse.
O vocábulo “anjo”, deriva da palavra latina “angelus”, que é correspondente do vocábulo grego “ángelos” (ἄγγελος), do hebraico “malach”, mensageiro, enviado. O termo “anjo” com o sentido de um mensageiro, não diz respeito à natureza espiritual dos seres, mas determina a sua missão.
Com esse mesmo sentido de mensageiro enviado até pessoas são chamadas de “anjos”, sacerdotes.
O que os anjos fazem?
1. Os anjos existem para louvar a Deus.
Isaías 6:1-3
No ano em que o rei Uzias morreu, eu vi o Senhor assentado num trono alto e exaltado, e a aba de sua veste enchia o templo.
Acima dele estavam serafins; cada um deles tinha seis asas: com duas cobriam o rosto, com duas cobriam os pés, e com duas voavam.
E proclamavam uns aos outros: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos, a terra inteira está cheia da sua glória”.
• Anjos louvam a Deus.
2. Anjos existem para cumprir com obediência absoluta às ordens de Deus.
Ap 19:10 – Então me lancei a seus pés para adorá-lo, mas ele me disse: Olha, não faças tal: sou conservo teu e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus; adora a Deus; pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia.
• Anjos cumprem ordem, absoluta.
• Eles trabalham pra Deus. São servos Dele.
O texto que nós lemos deixa isso claro: o anjo fala para João: sou servo como você, como os teus irmãos os profetas, a mesma medida trabalhamos para o mesmo Senhor, adore a Deus.
3. Anjos existem para trabalhar em favor dos que herdam a Salvação.
• Eles livram, protegem, trazem consolo, alegram-se com a Salvação do pecador, e isso não significa um anjo da guarda.
• Significa a guarda de um anjo, ou seja, você tem anjos que ajudam, auxiliam; porque Deus ordena e ele faz.
4. Anjos existem para guerrear contra demônios em nosso favor.
• Anjo trabalha numa série de coisas, mas nenhuma delas parte da própria vontade deles. Trabalham para a Glória de Deus.
• Existem para servir. Isso pra eles não é maçante, não é cansativo, isso pra eles é honra. Foram criados para isso. Então, à medida que são criados para isso; fazem isso, se legitimam e se completam.