Dando continuidade ao estudo sobre Relacionamento com Deus, estamos tratando sobre os Frutos do Espírito Santo.
É importante lembrar que o Espírito Santo não é uma força ou um vento, o Espírito Santo é uma pessoa, ele é Deus e nos dá de seu fruto.
Hoje vamos refletir sobre mais um gomo desse delicioso fruto do Espírito, a Longanimidade.
Tiago 1:19, 20 Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus.
Longanimidade significa basicamente suportar pacientemente o mal ou a provocação, junto com a recusa de perder a esperança de haver melhora no relacionamento perturbado.
Longanimidade é a capacidade de suportar as constantes ofensas, a ponto de perdoar sempre, sem explodir em ira.
É a paciência que nos permite subjugar a ira e o senso de contenda, tolerando injurias.
Suportar a fragilidade e provocação alheia, com base na consideração que Deus se tem mostrado extremamente paciente conosco; pois se Deus não tivesse agido assim conosco, teríamos sido imediatamente consumidos;
suportando igualmente todas as tribulações e dificuldades da vida, sem murmuração e rebeldia; submetendo-se alegremente a cada dispensação da providência de Deus; e assim derivando benefícios de cada ocorrência.
Portanto, a longanimidade tem um objetivo, visando especialmente o bem-estar daquele que sofreu uma situação desagradável.
No entanto, isto não significa fechar os olhos ao mal.
Quando se alcança o objetivo da longanimidade, ou quando de nada adianta agüentar mais tal situação, a longanimidade cessa.
Ela cessa quer quando resulta em bem para os que causam a provocação, quer com uma ação contra os malfeitores.
De qualquer modo, aquele que usa de longanimidade não é espiritualmente prejudicado.
O significado literal da expressão hebraica traduzida “vagaroso em irar-se” (“longânime”, em algumas traduções) é “comprimento das narinas [onde a ira se manifesta]”. (Êx 34:6; Núm 14:18; veja IRA, I.)
A palavra grega makrothymía (longanimidade) significa literalmente “longura de espírito”. (Ro 2:4, Int).
Todavia, se analisarmos a raiz da palavra “makrothumia”, vemos que ela também pode significar “grande sacrifício”.
Isso porque se requer um grande esforço para buscar essa longanimidade que só pode ser concedida pelo Espírito Santo.
Além disso, foi através do grande sacrifício de Cristo que tivemos acesso a esse dom, que não é muito praticado ou buscado atualmente.
Hoje, em uma época em que o individualismo impera na sociedade contemporânea, valoriza-se, por exemplo, o dom de variedade de línguas, porque traz notoriedade e destaque para aqueles que o manifestam.
A longanimidade, porém, não é muito valorizada como critério para descobrirmos se alguém está em comunhão com Deus.
Talvez seja por isso que ocorram tantos escândalos, pois pessoas que manifestam dons estão sendo vistas como santas, enquanto, na verdade, são os frutos que devem usados para saber se alguém está conectado ou não com Cristo (João 15.1-4).
Aquele que recebe de Deus o dom da longanimidade (‘orek) descobre que a verdadeira vitória está em reconhecer que somos fracos (rakak) e inexperientes, pois assim abrimos margem para que Deus possa agir em nossas vidas e ensinar-nos o que é realmente bom, perfeito e agradável (Romanos 12.2).
Paulo nos deixou bem claro como isso funciona quando disse: “Quando sou fraco, então, é que sou forte” (2 Coríntios 12.10).
Tanto a expressão hebraica como a grega denotam paciência, indulgência, vagarosidade em irar-se.
Quem de nós já não passou por situações que precisou contar até dez, cem ou mil.
Quem de nós já não passou por situação que não contou até dez e se arrependeu profundamente das ações ou, especialmente, das reações que teve?
Pois bem, vamos conversar um pouco mais sobre a longanimidade.
Para desfrutarmos da longanimidade precisamos compreender:
As Escrituras revelam como Deus avalia a longanimidade, e salientam a tolice e os maus resultados de não se manter “longura de espírito”.
Quem é longânime talvez pareça fraco, mas, na realidade, ele usa de discernimento.
“Quem é vagaroso em irar-se é abundante em discernimento, mas aquele que é impaciente exalta a tolice.” (Pr 14:29)
A longanimidade é melhor do que a força física, e realiza mais.
“Melhor é o vagaroso em irar-se do que o homem poderoso, e aquele que controla seu espírito, do que aquele que captura uma cidade.” — Pr 16:32.
O homem que não tem “longura de espírito”, mas que estoura sem freio, expõe-se à invasão de todo tipo de pensamentos e atos impróprios,
pois: “Como uma cidade arrombada, sem muralha, é o homem que não domina seu espírito.” (Pr 25:28)
“Todo o seu espírito é o que o estúpido deixa sair, mas aquele que é sábio o mantém calmo até o último.” (Pr 29:11)
Por estas razões, o sábio aconselha não ter ‘espírito curto’:
“Não te precipites no teu espírito em ficar ofendido, pois ficar ofendido é o que descansa no seio dos estúpidos.” — Ec 7:9.
em Mt 18.21,22 Quando Jesus responde a Pedro que ele deveria perdoar àquele que o ofendesse setenta multiplicado por sete vezes,
Jesus em outras palavras, estava dizendo que Pedro deveria ser longânime.
A longanimidade é tão importante que por Deus ser longânimo para conosco é que somos salvos ( II Pe 3.9,15 ).
O EXEMPLO DO SENHOR
Deus tolera pacientemente todas as iniqüidades dos homens sem explosões de ira e furor que os destruiria. Devemos agir do mesmo modo com os homens!
Apesar de toda a paciência de Deus, não podemos confundir com impunidade e não devemos abusar da sua longanimidade ( Rm 2. 3,4 ).
Alguém pode perguntar: Se Deus é longânimo, porque ele destruiu o mundo antigo com o dilúvio?
Primeiro: Deus é justo! ; segundo: mesmo ao executar a sua justiça o Senhor mostrou a sua longanimidade para com o ser humano ao mandar Noé construir a arca; Deus é onisciente.
Embora o objetivo do nosso estudo não seja falar especificamente sobre a longanimidade do Senhor para conosco, ela é exemplo de como devemos ser longânimes com o próximo.
A LONGANIMIDADE NA VIDA DO CRISTÃO
O Longânimo – Pessoa de pavio longo, que não explode com facilidade, sabe esperar o momento certo para falar ou agir sem reagir ou explodir em ira quando provocado.
A longanimidade na vida do crente é sinal de sabedoria ( Pv 14.29 ), ele será chamado de apaziguador ( Pv 15. 18 ) e será precioso ( Pv 16.32 ). Esta longanimidade deverá ser exercida com alegria e não com pesar ( Cl 1. 11,12 ).
A Bíblia não diz que devo ser longânime apenas com os irmãos, mais sim com todos os homens!
O mesmo princípio aplica-se ao amor, paz, mansidão, etc…
No entanto, se não consigo ser longânime com o meu irmão, como serei com “os de fora?”.
Para que a longanimidade esteja presente em nossa vida, devemos enxergar que todas as pessoas são importantes para Deus, que todos necessitam de amor e perdão, e que muito mais o Senhor fez por nós perdoando as nossas iniqüidades.
Devemos lembrar ainda que o Senhor continua sendo longânime para conosco.
Isto tudo somente é possível em uma vida cheia do Espírito Santo.
A longanimidade prova o nosso amor uns para com os outros mostrando a nossa perfeita união ( Cl 3.12-14 ).
O que faz a longanimidade?
Afinal de contas por que precisamos ter longanimidade? Vamos resumir rapidamente.
Primeiro porque ela nos protege.
Protege de reações que provavelmente iremos nos arrepender depois, e colher frutos amargos; nos protege de brigas, guerras e intrigas:
“O longânimo é grande em entendimento, mas o de ânimo precipitado exalta a loucura” (Provérbios 14.29).
Provérbios 15.18: “O homem iracundo suscita contendas, mas o longânimo apazigua a luta”.
Em segundo lugar precisamos da longanimidade porque ela nos faz avançar, pois produz em nós perseverança.
Parece que o longânimo, num primeiro momento, está retrocedendo enquanto deveria avançar, falar e agir.
Mas a atitude de um discurso calmo, conciliatório e não ofensivo faz com que tenhamos vitória em nossas ações.
Literalmente é não colocar os pés pelas mãos.
“A longanimidade persuade o príncipe, e a língua branda esmaga ossos” (Provérbios 25.15)
e “melhor é o longânimo do que o herói da guerra, e o que domina o seu espírito, do que o que toma uma cidade (Provérbios 16.32).
Em terceiro lugar a longanimidade nos faz conquistar as promessas de Deus.
Além da fé precisamos da longanimidade para desfrutarmos do melhor de Deus para nós
“não vos torneis indolentes, mas imitadores daqueles que, pela fé e pela longanimidade, herdam as promessas”(Hebreus 6.12).
Moisés tinha sobre sua vida a promessa de desfrutar da terra prometida, mas porque deixou-se levar pela ira e, ao invés de apenas falar à Rocha que desse água em Meribá, feriu-a com seu cajado duas vezes, foi desqualificado (Nm. 20.2-13).
No Salmo 106.33 lemos que Moisés falou irrefletidamente em Meribá.
Precisamos da longanimidade, pois nos protege, nos faz avançar e nos faz conquistar tudo o que Deus planejou para nós.
DEFININDO O FOCO
Características da Ira
SANTA
Em Ef 4:26,27 Paulo recomenda A IRA sem pecado, isto é, aquele sentimento justo, que reage ao pecado cometido, principalmente contra Deus.
Este sentimento foi demonstrado pelo próprio Senhor Jesus quando da purificação do templo.
Neste caso, tratava-se de uma manifestação JUSTA e SANTA com o objetivo de corrigir a injustiça cometida contra os gentios, pois o pátio a eles reservado para adoração, estava sendo utilizado para transações comerciais.
Neste caso, o recomendável é a verbalização ou a ação que resulte no restabelecimento da justiça, antes que o sol se ponha.
Isto é, não adiar a solução do problema para o outro dia.
PECAMINOSA
Gerada por uma motivação egoísta e infundada pela nossa incapacidade de julgar motivos, avaliar nossos direitos e nos sentirmos inculpáveis e absolutos como Deus.
Exemplo: Caim mata Abel -Gn 4:5 e 8
Causas e Marcas da Ira
O que pode provocar a IRA:
Palavras duras e ofensivas;
Desprezo à opinião do outro;
Erros não admitidos;
Desvalorização da pessoa;
Comentários sarcásticos ou brincadeiras depreciativas;
Desconfiança;
Pendência não resolvida;
Repreensão pública;
Forçar atitudes ou ações que provoquem embaraço ou constrangimento;
Necessidades ignoradas;
Traição;
Calúnia;
etc.
Marcas da ira incubada:
Ambiente tenso; Atitude argumentativa; Perda de intimidade; Sinais não verbalizados e negativos (cara feia); Somatização.
Consequências da Ira
Destruição da saúde física e mental
Qualquer pessoa que alimenta no seu íntimo um ressentimento (amargura), pode contrair uma série de disfunções psicológicas como: depressão, colite, sangramento ulcerosos, ataques de ansiedade, baixa resistência aos resfriados, deficiência respiratória (asma) e cardíaca.
Pesquisas revelam que alguns tipos de câncer derivam de mega-doses de estresse provocado pela IRA INCUBADA.
Sendo o ressentimento a provável líder das causas-morte.
Destruição da saúde espiritual
A ira contra o próximo nos leva a tal escuridão, que nos tornamos incapazes de reconhecer o dano que causamos às pessoas.
Razão pela qual, muitos cônjuges não entendem e não aceitam o fato de terem causado um grande mal ao outro cônjuge, até que tudo se desmorone de vez.
Além disso, colocamos um véu no nosso relacionamento com Deus.
Deixar de orar e ler a Palavra de Deus, perder o desejo de amá-LO e experimentar o gozo, a alegria e o contentamento que só Ele pode dar, são os primeiros sintomas de um coração ressentido.
Com isso, muitos filhos de Deus não experimentam paz interior, por ainda guardarem uma ira não resolvida.
Como obter a longanimidade?
Começa com um novo coração dado pelo Pai em Jesus Cristo.
Deus é a fonte de toda longanimidade.
Vejamos alguns textos: “E, passando o SENHOR por diante dele, clamou: Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade” (Êxodo 34.6);
“O Senhor é longânimo e grande em misericórdia, que perdoa a iniqüidade e a transgressão…” (Números 14.18).
“O Senhor é misericordioso e compassivo; longânimo e assaz benigno” (Salmos 103.8).
Vamos lembrar de que estamos falando sobre desfrutarmos do Espírito.
Quero dizer que você e eu não temos a capacidade de produzir em nós mesmos a longanimidade.
Não conseguiremos por esforço próprio controlar nossas ações e reações.
A longanimidade em nós é gerada pelo Espírito Santo, precisamos reconhecer que não a temos e desejar profundamente ser trabalhados em nossos corações por Deus.
Como árvores plantadas junto a ribeiros, sejamos nós, homens e mulheres plantados em Deus, por meio de Cristo, e desfrutemos da seiva do Espírito Santo.
Como lidar com a Ira pecaminosa no seu íntimo
A) Compreendendo a sua essência
Na maioria dos casos, a IRA que sentimos é egocêntrica e, portanto, pecaminosa.
Entender a sua essência é de fundamental importância para que a eliminemos dos nossos corações.
Essencialmente o sentimento de IRA pode ser:
EGOÍSTA
É aquela emoção negativa que sentimos quando uma pessoa ou situação DEIXA de suprir nossas necessidades, IMPEDE a realização dos nossos objetivos, ou FRUSTRA as nossas expectativas.
Nesta hora, tornamo-nos senhores ao invés de servos, incapazes de desenvolvermos o esvaziamento das nossas prerrogativas, como fez o Senhor Jesus ao deixar a sua glória (Fp 2:5-8)
PERFECCIONISTA
É aquela emoção negativa que sentimos ao exigir demais das pessoas, de nós mesmos e até de Deus, alimentando IRA pecaminosa pela nossa intolerância.
O pior é que não damos às pessoas a oportunidade que o próprio Deus tem dado a cada um de nós (Mt 6:12; Lam 3:22)
SUSPEITOSA
É aquela emoção maléfica que sentimos quando desenvolvemos uma suspeição paranóica, isto é, passamos a mal-interpretar atitudes, palavras, posturas, gestos e intenções das outras pessoas.
Por exemplo, se alguém não nos cumprimenta, achamos que estamos sendo evitados; se alguém brinca conosco para ganhar a nossa amizade, interpretamos como gesto de depreciação; se estamos injustamente irados com os outros, achamos que os outros é que estão irados conosco. (Mat 7:3-5)
B) Verbalizando a Ira
Verbalizar é falar sobre sentimentos feridos, na disposição de perdoar e ser perdoado.
Isto pode trazer os seguintes benefícios:
Reconhecemos que estamos de fato irados e não ignoramos a fonte de frustração ou desgosto;
Perdoamos a pessoa diante de Deus e comunicamos de forma pessoal e direta;
Promovemos a edificação do outro quando verbalizamos em amor;
Produzimos intimidade entre irmãos ou entre o casal, impedindo que a IRA se manifeste em ações rudes, punitivas e vingativas;
Ganhamos o respeito da outra pessoa, pela capacidade de controlar nossas emoções e buscar a reconciliação;
Obedecemos ao Senhor; Evitamos o mexerico falando à pessoa o que seríamos tentados a dizer aos outros.
NOSSO DESAFIO:
Lembretes sobre a Verbalização
A comunicação do ressentimento ou da causa maior da IRA, deve ser feita de forma realística, nunca passiva ou agressivamente.
Falar a verdade em amor é o segredo da comunicação (Ef 4:25, 29; Col 4:6);
Quando houver impossibilidade de comunicação, não deixe de colocar estes assuntos diante de Deus em oração (Fil 4:6; I Pe 5:7);
Evite a vingança pessoal, pois ela é a maneira mais eficaz de acumular IRA.
Deus é o único capaz de julgar com justiça os seus inimigos e os do seu povo (Rm 12:17-21).
Assim como o amor é uma decisão, viver feliz é resultado de uma escolha que fazemos. Não vamos admitir que o ressentimento selvagem destrua um relacionamento construído na base do ” amor compromisso”.
CONCLUSÃO:
Concluo fazendo a oração do apóstolo Paulo aos colossenses:
“Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual; a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus; sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria”. (Colossenses 1.9-11).
“É o poder que suporta o insuportável”
Assim como Deus nos perdoou sendo longânimo para conosco, devemos agir igualmente para com o nosso próximo.
Busque o dom da longanimidade, pois assim você compreenderá, através de Jesus Cristo, o que é ter uma vida longa e eterna na presença do Altíssimo, em Nome de Jesus, Amém!