RELACIONAMENTO COM DEUS

MANSIDÃO

“Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.” (Mateus 5:5).

Dando sequência ao estudo sobre Relacionamento com Deus, estamos tratando sobre os Frutos do Espírito Santo, e hoje falaremos sobre o fruto da MANSIDÃO:

O QUE É SER MANSO?

Mansidão é a característica daquele é brando, pacífico e que possui moderação nas ações.

Ser manso é o oposto de ser agressivo e rude.

Manso é aquele que já descobriu que, como um discípulo de Je­sus, não precisa defender-se daquilo que os homens ou o mundo joga contra ele, pois já está satisfeito em permitir que Deus o defenda.

Já não precisa lutar para defender o seu “eu”, pois ele já foi crucificado com Cristo.

O trono de seu coração não é mais ocupado pelo” eu”, nele está entronizado o Senhor Jesus.

Ele já desfruta da paz e segurança que tem naquele que é o Justo Juiz.

Não mais deixa sua alma no comando de suas reações pois é espiritualmente forte.

Sabe que precisa estar vendo o que Deus vê, e não o que as pessoas vêem.

Aguarda paciente­mente o julgamento do Alto.

O mundo não admite a mansidão; para ele isto é um sinal de fraqueza.

Entretanto o homem mais forte que passou pela terra, declarou de si mesmo:

“… E aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração …” (Mateus 11:29)

No Antigo Testamento a palavra mansidão traduz o hebraico ‘anawa.

Esse termo vem de uma raiz que significa basicamente “inclinar”, “estar curvado” e “condescender”, no sentido de submissão, por isso tal termo implica, principalmente, a ideia de “ser submisso” ou “ser despretensioso”.

No Novo Testamento, a palavra mansidão traduz alguns termos gregos, dos quais podemos citar: praotes e o adjetivo praos.

O significado básico é o de “ser suave”, “ser meigo” e “ser paciente”, referindo-se a uma atitude interior que se revela por meio de ações externas que expressam a gentileza, ou seja, está também ligado à cortesia, a consideração pelo próximo e à modéstia.

Quando aplicada no Novo Testamento, a palavra mansidão indica, especialmente, uma atitude de completa submissão a Deus e a Sua Palavra (Tg 1:21).

O apóstolo Paulo mencionou a mansidão como uma qualidade do fruto do Espírito (Gl 5:22),

ensinando que a verdadeira mansidão não provém da própria natureza humana, mas que é uma virtude gerada pelo Espírito Santo que imprimi naqueles que são regenerados um caráter semelhante ao de Cristo.

No contexto de Gálatas 5, podemos perceber que a mansidão, juntamente com as outras virtudes do fruto do Espírito que focam principalmente o trato com o próximo, se opõe aos vícios da inimizade, discórdia, ciúme, dissensão e explosões de ira que são característicos das terríveis obras da carne.

Algumas pessoas equivocadamente identificam a mansidão com um tipo de fraqueza, porém seu significado expressa exatamente o contrário.

A mansidão é uma qualidade que capacita alguém a controlar a força e aplicá-la corretamente.

Mansidão foi colocada por Jesus como uma das bem-aventuranças.

Para Jesus, mansidão é uma felicidade; algo que podia ser encontrado em sua pessoa:

”Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas.” (Mateus 11:29)

SER DISCÍPULO DE JESUS É TER UM MESTRE GENTIL E HUMILDE

De início, vamos dizer que mansidão é não reagir contra o mal que nos fazem e não reivindicar qualquer direito.

Há uma ocorrência na vida de Jesus que mostra seu espírito de mansidão.

Ele tomou a resolução de ir a Jerusalém.

O caminho mais curto, saindo da Judéia, era atravessar Samaria.

Jesus mandou alguém á frente para preparar-lhe pousada.

Mas os samaritanos não quiseram recebê-lo.

Ouvindo isto, Tiago e João zangaram-se e fizeram uma sugestão: mandar cair logo do céu sobre Samaria.

Jesus ime­diatamente reprovou esta sugestão.

O texto conclui dizendo: “Eles seguiram para outra aldeia.” (Lucas 9:54-56).

Isto é tudo, o assunto está resolvido.

Quem perdeu?

Os samaritanos perderam a oportunidade de ter entre eles o Filho de Deus.

Pedro, o discípulo que custou aprender a lição da mansidão, ao escrever uma de suas cartas disse sobre Jesus:

“O qual, quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente” (1 Pedro 2:23).

Então Pedro destaca:

“Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas.”

HOMENS MANSOS NA BÍBLIA

ABRAÃO

No Antigo Testamento Abraão é um retrato de mansidão.

Quando seus pastores e os de seu sobrinho Ló, desentenderam-se na disputa pelas melhores pastagens para os rebanhos,

o patriarca sugere, para não haver contendas, separarem-se; dando a Ló a oportunidade de es­colher primeiro qual a direção que gostaria de tomar:

“se fores para a direita irei para a es­querda” (Gn 13.7-12).

Ló escolheu as verdejantes pastagens das campinas do Jordão, (“toda bem regada como o jardim do Senhor”) deixando para seu tio as áridas regiões montanhosas.

Abraão não murmurou, não reclamou de seu sobrinho, simplesmente foi habitar na terra de Canaã. Isso é mansidão.

Quem ganhou, quem perdeu?

O texto diz que Ló foi para os lados de Sodoma e Gomorra, de onde, um dia, teve de fugir apressadamente com toda a sua família, pa­ra não ser destruído juntamente com aquelas cidades.

Abraão, sem o saber, foi para a terra que Deus lhe daria por possessão perpétua, “terra que mana leite e mel”.

MOISÉS

Que suportou ataque pessoal sem recriminação e sem demonstrar ressentimento.

De Moisés a Bíblia diz:

“Era o varão Moisés mui manso, mais que todos os homens que havia sobre a terra” (Nm 12.3).

DAVI

Manso também foi Daví diante das perseguições de Saul.

Muitas vezes os mansos são descritos como pessoas pobres e aflitas, ignoradas pelos poderosos (Am 2:7; Sl 147:6; Is 11:4).

Uma passagem que certamente merece destaque é o Salmo 45, onde a mansidão é mencionada como uma qualidade do Rei Messiânico (Sl 45:4).

Além disso, no Salmo 37:11 o salmista Davi escreve que “os mansos herdarão a terra”, uma frase também repetida por nosso Senhor (Mt 5:5).

JESUS

Jesus é o nosso padrão:

“A si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2.8).

O Filho Unigênito de Deus vem participar de nossa história esva­ziando-se, aceitando tomar a condição de um servo

(“doulos” é o escravo destituído de direitos e privilégios), para trilhar o caminho de desprezo e sofrimento, mas de obediência.

É interes­sante que servo aqui (doulos) é uma antítese direta de Senhor (kyrius);

Aquele que deveria vir ao mundo como Senhor, veio como servo.

Aceitou viver em total dependência de Deus, como filho obediente.

Mas ao sair do mundo Ele foi recebido na glória como Senhor.

A exortação deste mesmo texto é: “Tende em vós, o mesmo sentimento que houve também em Cristo Je­sus” (v 5).

Irmãos, este é o sentimento que temos de ter, o mesmo que está em Jesus, manso e humilde.

Ele podia reivindicar direitos, pois o texto diz: “subsistia em forma de Deus”.

Mas Jesus não pensava em si mesmo, pensava somente em fazer a vontade do Pai e cumprir com o propósito a que veio.

Lendo Isaias 42.1-7, vemos como o profeta descreve o caráter manso de Jesus.

A mansidão não é uma qualidade natural nossa, nem uma disposição que recebemos de berço.

A disposição humana, aquela que nos vem de berço, é sempre rebelião.

Mansidão só vem a nós como uma operação do Espírito Santo.

Mansidão é compatível com força de caráter.

Os mártires foram fortes, mas foram mansos.

Que mansidão encontramos em Estêvão.

O manso não faz exigências quanto à posição, privilégios, posses, distinções, etc.

pois tem “o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus”.

No mundo moderno, em toda a parte, vemos exigências sobre direitos humanos, direito da mulher, direito da criança e assim por diante.

Só Deus tem di­reitos”.

E é verdade, diante de Deus que direito tem o homem?

Creio que o homem tem só um direito diante de Deus: obedecê-lo!

Tudo o mais é graça, somente graça.

Louvado seja o Se­nhor porque não temos direitos e sim graça, abundante graça, que Ele nos concede.

Na igreja de Corinto havia uma demanda sobre leis e direitos.

O apóstolo lhes escreve: “O só existir en­tre vós demandas já é completa derrota para vós outros. Por que não sofreis antes a injusti­ça?

por que não sofreis antes o dano? (I Co 6.7).

O rei Amazias, com um grande sentimento de perda, perguntou ao profeta:

“Que se fará pois dos cem talentos de prata que dei às tropas de lsrael?

Respondeu-lhe o homem de Deus:

Muito mais do que isso pode dar-te o Senhor” (fi Cr 25.9).

O discípulo jamais se amedronta, mas não impõe pela força a sua vontade, ele conhece o ensino do Mestre:

“0 maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como quem serve ” (Le 22.26,27).

Só podemos ser luz do mundo e sal da terra quando levamos a sé­rio aquilo que Jesus viveu, e deixou como exemplo para nós.

Foi para isso que Ele enviou o Es­pírito “esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo que eu vos tenho dito” (Jo 14.26).

O Espírito Santo vindo à nossa vida, vem para fazer residência permanente em nós e através de nós fluir continuadamente.

Se Ele não está fluindo, algo está errado em nós.

Se não expressamos a sua presença, uma falha está em nós.

A Bíblia mostra duas coisas que impedem o fluir do Espírito Santo:

(i) Podemos entristecê-lo, mas o texto ordena que não façamos isso (Ef 4.30);

(ii) Podemos apagá-lo. O texto pede que não façamos também isso.

A nós compete vigiar e orar, estando atentos a tudo que Ele quer fazer em nós e através de nós, pois Ele é a nossa contínua riqueza.

O Apóstolo ensina: ”vós possuis unção que vem do Santo, e todos tendes conhecimento” (I Jo 2.20). Aleluia!

Há uma recompensa prometida aos mansos: ”Mas os mansos herdarão a terra, e se deleitarão na abundância de paz” (SI37.11).

Mansos são aqueles que escolhem o caminho da fé paciente, em lugar da afirmação de si mesmos. Ele está sempre sob autocontrole.

Manso é, também, aquele que acata o que possam dizer dele, embora isso venha lhe ferir a auto estima.

O tex­to acima referido diz que “os mansos herdarão a terra” e a seguir diz: “e se deleitarão na abun­dância de paz”, paz sempre será a recompensa maior dos mansos.

Eles sabem o que é viver e reinar com Cristo.

No retorno do Senhor, governaremos com Ele, então “possuiremos” a terra totalmente.

O caminho de Cristo é diferente do caminho do mundo, e a mansidão é o meio pelo qual sempre alcançaremos a vitória que Ele já ganhou para nós.

COMO PODEMOS SER MANSOS?

Ser manso é ser capaz de restringir a própria força para agir adequadamente em situações extremas.

Alguém que é manso demonstra humildade, cordialidade e modéstia.

Conforme vimos, a mansidão é uma qualidade que indica que somos guiados pelo Espírito Santo e que seu fruto é gerado em nós,

por isso os mansos não se desesperam nas adversidades, porque confiam que tudo está sob o controle de Deus, e que nada foge de seu propósito.

Diante dessa consciência, os mansos suportam as injúrias dos homens, pois entendem que tais coisas fazem parte da permissão de Deus para um bem maior.

Escrevendo a Timóteo, Paulo ressaltou que a mansidão deve ser uma qualidade indispensável quando repreendemos alguém que está no erro (2Tm 2:25).

Em sua Carta aos Efésios, o mesmo apóstolo ensinou que a mansidão deve ser uma característica natural do caráter cristão.

O apóstolo Pedro também ensinou que os verdadeiros cristãos devem estar preparados para defender com mansidão e temor os pontos principais da fé em Cristo, até mesmo diante de possíveis perguntas de pessoas hostis.

Por fim, devemos nos lembrar das palavras do nosso Senhor Jesus que dizem:

“Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra” (Mt 5:5).

Pois estes mansos desfrutam do cumprimento total da promessa feita a Abraão (cf. Rm 4:13; Hb 11:16).

Portanto, entre em profunda relação com o Espírito Santo, para buscar a todo custo essa virtude em sua vida, pois somente assim, você herdará as bênçãos do Senhor na terra dos viventes, em Nome de Jesus, Amém!