RELACIONAMENTO COM DEUS

GRAÇA

Romanos 5.15 Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, abundou para com muitos.
16. Também não é assim o dom como a ofensa, que veio por um só que pecou; porque o juízo veio, na verdade, de uma só ofensa para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação.
17. Porque, se pela ofensa de um só, a morte veio a reinar por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo.
18. Portanto, assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação e vida.
19. Porque, assim como pela desobediência de um só homem muitos foram constituídos pecadores, assim também pela obediência de um muitos serão constituídos justos.
20. Sobreveio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça;
21. para que, assim como o pecado veio a reinar na morte, assim também viesse a reinar a graça pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor.

Dando sequência ao estudo sobre Relacionamento com Deus, no item sobre a expressão do Espírito Santo pelo seu imenso amor, trataremos hoje sobre a Graça Divina.

O que é graça?

Graça é um favor que não foi merecido.

Graça é algo bom que é dado, não porque a pessoa que recebe merece mas porque a pessoa que dá é generosa.

Quando alguém oferece um presente de graça, significa que quem recebe não tem de pagar pelo presente nem se esforçar por merecê-lo.

Graça é um ato de amor incondicional, não depende da pessoa que recebe.

A graça revela o bom caráter de quem dá, não de quem recebe.

A graça de Deus

Deus mostra Seu amor por nós através da graça.

Nós merecemos castigo por causa de nossos pecados mas Deus nos enviou Jesus para pagar o preço e nos oferecer a salvação.

Mesmo não fazendo nada para merecer, nós podemos ser libertados do poder do pecado, perdoados do castigo eterno e adotados como filhos de Deus, para morar com Ele para sempre (Efésios 2:4-5). Só precisamos ter fé.

Ninguém por seu próprio mérito consegue apagar seu pecado e se purificar para entrar no Céu.

Por mais que tentamos ser bons, não conseguimos evitar todo pecado.

Só Deus pode nos libertar do peso do pecado (1 João 1:8-9).

Ele não precisa nos libertar. Ele poderia exigir justiça e condenar todos mas Ele nos ama.

Por isso, Ele nos ofereceu a salvação, de graça.

A graça na vida do cristão

A graça não se limita à salvação no momento em que aceitamos Jesus como nosso salvador.

A graça de Deus atua ao longo de nossa vida, nos dando a capacidade para fazer coisas boas e parar de pecar (Efésios 2:8-10).

Sozinhos não conseguimos mas se confiamos em Deus, Ele nos transforma.

II Coríntios 12.9 e ele me disse: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o poder de Cristo.

Qual é a diferença entre misericórdia e graça?

Misericórdia e graça são frequentemente confundidas.

Embora os termos tenham significados semelhantes, graça e misericórdia não são a mesma coisa.

Para resumir a diferença:

A misericórdia é Deus não nos castigando como merecem os nossos pecados e

a graça é Deus nos abençoando apesar de não merecermos.

Misericórdia é a libertação do julgamento,

enquanto graça é estender bondade aos indignos.

Segundo a Bíblia, todos nós pecamos (Eclesiastes 7:20, Romanos 3:23, 1 João 1:8).

Como resultado do pecado, todos nós merecemos a morte (Romanos 6:23) e julgamento eterno do lago de fogo (Apocalipse 20:12-15).

Com isso em mente, todo dia que vivemos é um ato de misericórdia de Deus.

Se Deus nos desse tudo o que merecemos, todos estaríamos, agora, condenados por toda a eternidade.

No Salmo 51:1-2, Davi clama: “Tem misericórdia de mim, ó Deus, por teu amor; por tua grande compaixão apaga as minhas transgressões.

Lava-me de toda a minha culpa e purifica-me do meu pecado.”

Um apelo a Deus por misericórdia é pedir a Ele que suspenda o julgamento que merecemos e, ao invés, conceda-nos o perdão que não merecemos.

Não merecemos nada de Deus. Deus não nos deve nada.

Qualquer coisa boa que tivermos em nossas vidas é um resultado da graça de Deus (Efésios 2:5).

Graça é simplesmente um favor imerecido.

Deus nos dá coisas boas que não merecemos e que nunca poderíamos ganhar por nós mesmos.

Resgatados do julgamento pela misericórdia de Deus, a graça é tudo o que recebemos além dessa misericórdia (Romanos 3:24).

A graça comum refere-se à graça soberana que Deus concede a toda a humanidade independentemente da sua posição espiritual diante dele,

enquanto que a graça salvadora é a dispensa especial da graça pela qual Deus soberanamente concede imerecida assistência divina sobre os seus eleitos para a sua regeneração e santificação.

Misericórdia e graça são mais bem ilustradas na salvação disponível através de Jesus Cristo.

Merecemos o julgamento, mas se recebermos Jesus Cristo como o nosso Salvador, recebemos a misericórdia de Deus e somos libertos desse julgamento.

Em vez de julgamento, pela graça recebemos a salvação, perdão dos pecados, vida abundante (João 10:10) e uma eternidade no céu, o lugar mais maravilhoso que se possa imaginar (Apocalipse 21-22).

Por causa da misericórdia e graça de Deus, nossa resposta deve ser cair de joelhos em adoração e ação de graças.

Hebreus 4:16 declara: “Assim sendo, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade.”

A Declaração da Graça de Deus

Ao longo de toda a Bíblia, a graça de Deus se manifestou em três estágios.

No primeiro, Deus revelou Sua bondade e graça ao demonstrar misericórdia, favor e amor para com todos os homens em geral, mas para com Israel em particular.

No segundo estágio, Deus expressou ou apresentou Sua graça, de forma mais clara, através de Jesus Cristo, o qual veio ao mundo para pagar pelos pecados do homem mediante Sua morte sacrificial na cruz.

No terceiro, a graça de Deus proporciona salvação e santificação a todos os que, pela fé, confiam em Jesus Cristo como Salvador e Senhor de suas vidas.

Graça, amor e misericórdia estão explicitados na aliança de Deus com o rei Davi, a qual se estendeu a seu filho Salomão mesmo depois que este veio a pecar no decurso de sua vida (2 Sm 7.1-17).

Deus não outorgou Seu amor e graça a Israel por qualquer mérito dessa nação.

Deus escolheu Israel para que fosse o povo de Sua propriedade exclusiva através de um ato de pura graça (Dt 7.6-9).

A graça e a misericórdia também foram manifestadas a nações inteiras.

O Senhor, por Sua graça, libertou o povo de Israel da escravidão no Egito, supriu as necessidades da nação durante sua peregrinação no deserto e lhes concedeu a terra de Canaã.

O amor do profeta Oséias por sua esposa Gômer, uma prostituta, ilustrava a graça e misericórdia de Deus para com Israel.

Embora Gômer fosse uma esposa infiel, Oséias demonstrou-lhe graça, misericórdia e amor, ao resgatá-la do mercado de escravos pelo pagamento de um preço.

Ela tipificava a nação de Israel redimida da escravidão do pecado.
Pela graça de Deus a ímpia cidade de Nínive foi poupada da destruição ao arrepender-se de seu pecado com a pregação de Jonas.

No Novo Testamento, o conceito de graça encontra uma expressão mais precisa, rica e completa no termo grego charis, o qual ocorre, no mínimo, por 170 vezes.

A graça de Deus assume uma dimensão pessoal totalmente nova e se torna evidente ao ser humano nas palavras e obras do ministério redentor de Jesus Cristo.

Que prova maior da graça de Deus poderia ser dada do que essa da salvação?

Foi o próprio Deus que, em Sua bondade e graça, tomou a iniciativa de providenciar a salvação para o homem após a queda de Adão no pecado.

A graça de Deus se revela à humanidade de duas maneiras fundamentais:

A Graça Comum

A graça comum se refere ao imerecido favor, amor e cuidado providencial de Deus, estendidos a toda a raça humana em corrupção, pelos quais Deus derrama Suas bênçãos sobre todos em geral, tanto sobre os salvos quanto sobre os descrentes (Sl 145.8-9).

Deus refreia Sua ira contra a humanidade pecadora, concedendo a uma nação ou a uma pessoa o tempo necessário para que se arrependa – o que vem a ser uma extensão da graça comum do Senhor.

A graça comum também pode ser constatada na obra do Espírito Santo, quando este move o coração de uma pessoa ao persuadi-la(lo) e convencê-la(lo) da necessidade de buscar a salvação por intermédio de Jesus Cristo (Jo 16.8-11).

A Graça Especial

A segunda maneira de Deus revelar Seu favor é através da graça especial, comumente denominada de graça eficaz, efetiva ou graça salvadora.

A graça de Deus é eficaz na medida em que produz salvação na vida dos indivíduos eleitos que depositam sua fé na morte de Cristo e no sangue que Ele derramou na cruz para remissão de seus pecados.

A graça eficaz é conhecida por experiência no momento em que Deus, pela instrumentalidade do Espírito Santo, opera de forma irresistível na mente e no coração de uma pessoa, de modo que o indivíduo escolha livremente crer em Jesus Cristo como seu Salvador.

Os crentes em Cristo são chamados, não segundo suas obras de esforço próprio, mas conforme a “determinação e graça” de Deus (2 Tm 1.9).

O apóstolo Paulo é um exemplo clássico da chamada eficaz de Deus.

Ele foi chamado, não por sua vontade, mas “pela vontade de Deus” (1 Co 1.1).

Na realidade, ele tentava destruir a Igreja até o momento em que se converteu a Cristo, conversão essa que ocorreu pela graça de Deus (At 9).

A Demonstração da Graça de Deus

A graça de Deus se evidencia de diversas maneiras na vida de um servo de Deus.

Graça Salvadora

A palavra salvação é um termo abrangente.

Refere-se ao ato redentor de Deus pelo qual Ele, no presente momento, redime o indivíduo da penalidade e do poder do pecado, e, no futuro, libertará o crente em Cristo da presença do pecado na ocasião da glorificação dos salvos.

A salvação é um dom gratuito de Deus, concedido a uma pessoa em virtude da graça, por meio da fé, independente de qualquer obra ou mérito da parte da pessoa que o recebe.

No momento da salvação, a graça imerecida e a fé do crente são dons que procedem diretamente do Senhor àqueles que põem sua fé em Cristo (Ef 2.8-9).

A graça da salvação, oferecida na atual dispensação, inclui cada aspecto da obra redentora de Deus em favor dos crentes em Jesus e abrange a redenção, a propiciação, a justificação, o perdão, a santificação, a reconciliação e a glorificação para aquele que, pela fé, recebe a Cristo.

Graça Santificadora

Naquele momento em que a pessoa, pela fé, recebe a Cristo, ele (ou ela) é santificado pela graça de Deus.

A palavra santificação significa “tornar santo” ou “separar para Deus” com propósito ou uso sagrado.

A Bíblia menciona pessoas, lugares, dias e objetos inanimados consagrados (i.e., separados) a Deus.

No que se refere a um indivíduo, a santificação pode ser definida como a obra da livre graça de Deus através do Espírito Santo, na qual Ele separa o cristão para ser amoldado ou conforme à imagem de Cristo.

As Escrituras se referem a três estágios de santificação pela graça de Deus.

O primeiro deles é o da santificação posicional que diz respeito à posição santa do crente perante Deus, fundamentada na redenção que Cristo efetuou a seu favor.

O segundo estágio é o da santificação progressiva, na qual o crente em Cristo se encontra no processo de ser santificado através da Palavra de Deus (Jo 17.17).

Os crentes são exortados a crescer “na graça” (2 Pe 3.18); na busca desse crescimento, tornam-se recipientes do favor imerecido que procede do Senhor.

O crescimento na graça não é obtido por meios naturais, mas se dá através do estudo da Palavra de Deus (2 Pe 1.2-3,5-6,8).

À medida que um crente em Jesus cresce na graça, o fruto do Espírito se torna manifesto através da vida dele ou dela (Gl 5.22-23), levando a pessoa a uma conformidade com a imagem e semelhança de Cristo (Rm 8.29).

O terceiro estágio é o da santificação completa ou perfeita, que os crentes conhecerão por experiência quando receberem seus corpos glorificados e se completar a sua redenção (Rm 8.30; Ef 5.27).

Esse acontecimento se concretizará na ocasião do Arrebatamento da Igreja (1 Co 15.51-52; 1 Ts 4.16-17).

Graça Servidora

A palavra dom (do termo grego charisma: “dádiva ou dom da graça”) se refere a um favor que alguém recebe gratuitamente, sem merecê-lo.

Deus, por intermédio do Espírito Santo, providenciou dons espirituais sobrenaturais com o objetivo de equipar e capacitar cada crente em Cristo para o seu ministério [i.e., serviço] na igreja local.

Não existe apenas um dom, mas, sim, uma diversidade de dons que o Espírito Santo concede aos cristãos (Rm 12.6-8; 1 Co 12.8-11; Ef 4.7,11-12; 1 Pe 4.11).

Estes dispõem de “diferentes dons segundo a graça que [por Deus] nos foi dada” (Rm 12.6).

Alguns possuem uma abundância de dons, enquanto outros possuem apenas um ou dois.

Esses dons, ou graças, não são dons, talentos ou habilidades naturais; pelo contrário, são dons proporcionados por Deus, os quais, através de nós, efetuam a edificação do Corpo de Cristo, rendendo, assim, a glória que pertence a Deus.

No uso de seu dom, um cristão deve se dirigir às outras pessoas com uma atitude de graça.

O apóstolo Paulo declarou: “A vossa conversa seja sempre com graça” (Cl 4.6).

No que dizia respeito ao serviço para o Senhor, Paulo estava equipado, não com sua própria força e poder, mas com a graça de Deus que lhe fora outorgada.

Ele disse: “…trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo” (1 Co. 15.10).

Graça Sofredora

O sofrimento faz parte da condição humana, em virtude do pecado, do envelhecimento do corpo, da desobediência ao Senhor, ou da punição de Deus.

Paulo tinha um “espinho na carne” (i.e., uma debilidade física) que ele, por três vezes, suplicara a Deus para que fosse removido.

Cada uma de suas súplicas recebeu esta mesma resposta: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12.9).

Em outras palavras, a graça de Deus era suficiente para fortalecer Paulo em sua dificuldade física, de modo que ele a pudesse suportar.

O mesmo acontece com os crentes nos dias atuais.

Deus proporciona a graça suficiente para nos fortalecer em meio a qualquer provação, tentação ou período de sofrimento.

Paulo resumiu isso com muita propriedade, quando escreveu:

“Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens” (Tt 2.11).

Conclusão

Como vimos, a humanidade, pela sua rebeldia, deveria, com base no rigor da lei de Deus, ser punida com o extermínio, isto é, deixar de existir.

Deus, porém, nos perdoou, graciosamente, por nosso pecado indesculpável.

Mesmo assim muito ainda preferem o caminho mais fácil.

Essa noção deve permear todo o nosso relacionamento com o Criador.

Jesus disse a Paulo que a graça era tudo que ele precisava (2 Co 12.9).

Que presente extraordinário!

Em gratidão a Deus, por tão grande amor, devemos usar o dom da vida para servi-lo.

Faça isso, e seja feliz, em Nome de Jesus, Amem!